Auto da poesia autoral
Sou poeta da autoreferência Interior de mim Eu, concreta e neblina Que carrega a casa nas costas Não preciso de mais nada Meu quintal é o mundo inteiro Poeta que não escreve ou diz para ser poeta Poeta que se gradua no cotidiano Na hora da alvorada, do amor, da refeição Na hora do nada Sou poeta de mim e de tudo Porque em mim tudo se renova E no tudo eu me relavo Poeta de dores profundas Das lembranças mal quistas Mas de grandes alegrias Das doces memórias E do presente em movimento Sou poeta das águas Aquilo que me refaz Celeste manifestação corporal da Terra Onde encontro o prazer da intensidade Por fim, sou poeta da infinita curiosidade E de um desejo sem fim de mim mesma ...Desencontrada Planando nos céus sob abismos do mundo todo Sempre em busca de novas madrugadas Diverso essencial do verso de mim