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Mostrando postagens de maio, 2007

Auto da poesia autoral

Sou poeta da autoreferência Interior de mim Eu, concreta e neblina Que carrega a casa nas costas Não preciso de mais nada Meu quintal é o mundo inteiro Poeta que não escreve ou diz para ser poeta Poeta que se gradua no cotidiano Na hora da alvorada, do amor, da refeição Na hora do nada Sou poeta de mim e de tudo Porque em mim tudo se renova E no tudo eu me relavo Poeta de dores profundas Das lembranças mal quistas Mas de grandes alegrias Das doces memórias E do presente em movimento Sou poeta das águas Aquilo que me refaz Celeste manifestação corporal da Terra Onde encontro o prazer da intensidade Por fim, sou poeta da infinita curiosidade E de um desejo sem fim de mim mesma ...Desencontrada Planando nos céus sob abismos do mundo todo Sempre em busca de novas madrugadas Diverso essencial do verso de mim

Ode

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Ode ao mar que me faz silêncio Ao sol que me faz desejo Ao mistério que me faz criança De todas as coisas do mundo Carrego um pouco E de todas as estrelas, virtualidade da matéria, carrego a longa permanência da luz E do caminhar à beira de breves ondas sentido em meus pés desenraizados a áspera areia branca Sei... sincero é o mais longínquo dos astros E errôneos os que caminham ritmados no tempo da maquinaria do mundo-gente Observo-os de longe da beira-mar onde estou, formigas cujas odes são ao controle E eu, nesse mesmo mar que encontro aos pés... Incontrolável É o mar que lança sua força em mim De tal modo que meu respeito a sua infinitude se dilui e sou em uníssono com ele Porque ouço uma voz que sempre me chama Como vozes ouvidas antes por meus ancestrais E ouço ainda um sinal Que me guia pelo cheiro da maresia E chego ao farol Ode ao farol Que ilumina a extensão da mais profunda beleza De lá contemplo tudo o que possa haver Pela manhã o nascer do sol Vida pulsante Força de nave