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Mostrando postagens de abril, 2014

Petrópolis, uma cidade de saudade

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A minha Petrópolis e a Petrópolis de sempre Petrópolis, cidade da serra fluminense conhecida como Cidade Imperial, é uma daquelas cidades brasileiras que costumam encantar pessoas em busca de uma experiência de Brasil mais europeia. Frio, neblina, pinheiros, casarões imponentes, catedral de arquitetura gótica, histórias de monarcas, jardins bem ornamentados, uma coroa incrustada de pedras preciosas, exposta para nos lembrar da riqueza dos soberanos e de sua posição privilegiada na sociedade. Cidade onde se pode alugar carruagens para conhecer seu centro histórico e visitar um local que foi um importante cassino e hotel que hospedou figuras como Getúlio Vargas e Walt Disney, o Quitandinha. Pitoresco! A Avenida Koeler, que começa na praça da liberdade e vai até a catedral, é uma das belezas de Petrópolis. De cada lado da avenida, vemos belíssimas mansões e, no Hotel Solar do Império, se pode tomar um típico café da manhã colonial, ainda que não se esteja hospedado, no Restaurante I

Infinito

Tenho um amigo que diz que somos a consciência do universo, e que esta é a religião dele. Ele é fascinado por física e astronomia, e sempre temos papos deliciosos sobre filosofia e cosmos... Sempre tive dentro de mim esta certeza, mas nunca havia conseguido verbalizá-la com tamanha clareza como ele, um virginiano, fez. Adotei para mim a sua máxima! Cada ser humano é o universo pensando sobre ele mesmo. E a criação é uma das maneiras com a qual podemos ter esta certeza. fiz um poeminha sobre isto: Infinito dedicado à Gustavo Castro cada um de nós é, inteiro, o universo pensando sobre si mesmo a criação não é conexão porque o que somos já é ela é a certeza do infinito  que começa e termina em nosso próprio pé

Chuva, um violão e uma taça de canção

a vida? ah, sei lá algo absolutamente fascinante e, às vezes, o que mais importa é tão pequeno que de tão pequeno é grande uma taça de vinho pão com azeite a música de Santaolalla uma conversa que basta e mais nada uma conexão que são mil delas as pétalas amarelas do girassol a chuva na montanha o cheiro de lasanha um beijo... e tudo que duas bocas repletas de paixão desejam

menino-música

no dicionário: como verbalizar o não verbalizável silêncio na soleira da porta notas que reverberam nos muros de pedra os tempos todos dos homens criando luz sonora nas construções antigas do corpo cultural e pondo abaixo aquela cidadela que seria nada não fosse a tua música atravessando fazendo a seu modo o cotidiano um deus irradiando semente nascente de embriaguez que ilumina, de cegar, a insensatez do soberano rindo como prostituta de santo acreditando como só aqueles que tem fé verbalizando! como antes não era possível porque coragem esse menino endiabrado de divindade porque menino deus de riso escancarado porque humano louco e mago porque profeta e alquimista verbalizando o não verbalizável foi Mozart meu primeiro amor

Improvável domingo

acordei um tanto extensa e o cheiro de café invadia meus sentidos fazia silêncio, o céu estava azul ventava um vento gelado e eu podia ouvir, ao longe, os pássaros e me lembrei do rio, do açude, das galinhas da montanha que não cansava de ser alma em forma de pedra acordei e ouvi meu riso de criança, de quando eu corria sem tempo na sala grande da avó fazendo festa e me lembrei a primeira vez que vi a morte acordei e vi algo que ainda não havia visto era domingo e tudo foi novidade como a grande novidade um dia da menina de olhos curiosos aprendi, desde cedo, a conviver com o improvável e, assim, a acreditar no inacreditável

Notas ingênuas para o cotidiano

às vezes, é tão somente o vento de quando o metrô chega na estação eu, já cansada (passa das dez), tentando conter a ilusão da rua do passeio o edifício odeon se torna um refúgio para um coração estupefato por tantas palavras e desejos e projetos que não cabem mais na agenda e todas as certezas que não tenho a música ainda chega para inflar mais este corpo necessitado daquilo que não precisa a força prolixa das letras não fosse a poesia, eu sufocaria mas, se não fosse a música, este maravilhoso vazio do verbo, eu já haveria de ter partido desta para o incerto nem sei de mais nada é tarde e estou cansada os olhos ardem de tantas mensagens que não cessam de me querer chego a cogitar que posso atender algumas delas afinal, o amor líquido parece tão mais fácil é que tudo anda cultural demais, um tanto racional demais mas eu só desejaria correr na direção certa e sem resquícios de um leão covarde só que a paixão confunde e, diante do cansaço, delira

Enigma da esfinge

rasgo em pedaços a vida rasa que quer me sufocar no dia a dia da tua existência em máscaras da maquiagem bem feita e da foto perfeita de perfil bem vi tua perfeição a passear e roubar tuas sandálias style comigo, a poesia invade meu horário de trabalho! é deusa... e vadia que só ela me lembra, afinal, o que é que vale a pena me depena para que eu vomite palavras sinceras e esqueça, para sempre, na mesa do bar a triste máscara da beleza sem alma e da cinza eterna alegria falsa - quanta gente it que nos cerca... - não tenho que fazer mesura em tua festa sou poeta! enquanto a tua trupe repete os prontos versos tão midiaticamente perfumados, eu crio o universo!

La vie en rose

era danada essa tal de Hilda, que roubou meus versos numa ode descontínua e remota para flauta e oboé de Ariana para Dionísio: decreto, com ela, o reino do impossível! e, junto a Piaf, no jardim da boemia, o reino do incorreto: somente a beleza, um bom vinho e o sexo! decreto, diante de seus versos, o reino da sorte: munida de um cigarro para espantar o medo da morte. e, assim, decreto hoje também, o reino do improvável e do trompete rasgado das love songs de Miles. feliz, ao decretar o reino do cansaço de todo academicismo reacionário! e o que digo é, obviamente, óbvio e nem um pouco novo: é preciso decretar o reino do corpo!