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Mostrando postagens de setembro, 2012

Numa noite de chuva

minha sapatilha vermelha encharcada da chuva só desejava vagar tudo parecia incerto mas foi certo como poema feito pra chorar ela buscou os amigos errantes e foi na sua errância sentar só pediu uma pizza, uma cerveja e uma alegria não aceitou a burocracia cinza da fila e do transporte daquela gente toda com cara de apatia tão apegadas às suas casas que esquecem que existe poesia apegadas, todas elas, a uma sobrevida que atravessam o mar todos os dias e, moribundas, só esperam a hora de chegar na terra respirou fundo aquela sapatilha vermelha que foi vagar mandou mensagens para os queridos e recebeu uma resposta a resposta certa de uma alma errante cumprindo deveres que a errância não entende mas precisa aceitar mas, nossa, que alma alegre! eu devia era ter te sequestrado e essa chuva então... com o esmalte vermelho paixão sentei na mesa coberta por um toldo verde e lembrei também do amigo Juba, meu amor de vento, das noites que ali passamos em nossa

para ela

te saúdo primavera do melhor jeito que sei com o corpo alongado, música e perfumes a casa já está repleta de flores te saúdo com aquela garrafa de vinho e o coração cheio de amor para ti plantei um trevo de quatro folhas em ti renasce minha alma leve que só deseja movimento primavera dessa vez você coincide com a minha própria e é, de todas, a mais bela que já vi

O mistério do planeta

não há mistério maior no mundo que o silêncio ele não é o sim nem o não mas a ausência mais presente do universo talvez, nessa hora, a certeza seja precipitar o agora então, se não pode haver certeza eu prefiro que fique, silêncio porque assim, és a possibilidade não mais que o sim não menos que o não mas um pulso permanente que testa a minha ansiedade e me enche de multiplicidade

bombas de amor

Concebo, agora, bombas de amor E elas têm uma força absurda em ser Concebo agora tudo o que posso ser E percebo que sou, quando sou o mundo Nasce, então, uma pesquisa E ela é vida Nasce um novo consumo Uma nova casa Um incomum trânsito de Saturno Nasce uma viagem Nasce uma terapia Renasce em mim o humano perdido A ancestralidade Minha paixão se acalma e transborda Já não posso mais conter O amor se multiplica Sou euforia Nasce um grupo, um coletivo, afetos rizomizam Agora escrevo Agora concebo um novo mundo Agora medito, agora poetizo Eu não sou nada mais que ebulição Prosa, poesia, produção Diferença, conflito, música, sedução Movimento Meu ar e minha terra Buscam teu fogo e tua água mundo Meu cérebro é criação subjetiva, amor indecente Meu cérebro é meu timo e meu coração Ele vagueia a criar muito e querer tudo concretizar Emoção desmedida Em ser tudo o que se pode ser E receber o que se pode receber Abrir-se, amar, fluir

#contemporaneoemqualquerlugar

inspirada por "sexo em moscou", de Mano Melo, ofereço meu "sexo contemporâneo em qualquer lugar" ---- minha net, doida pelo seu crowd,  bem funding,  pede: enter enter enter com o seu wi-fi que eu libero a senha nós 2, web 2 td bem colaborativo face to face seu pen drive em mim, baby ai, essa sua nuvem de tags me deixa louca pra twittar na sua boca 140 caracteres de puro prazer e no meu email, ver vc hackeando meu mundo privado pirateando as minhas zonas de segurança creative commons na cama pro meu software ficar todo livre e eu digo: i phone que eu gosto, phone! Mac no meu corpo todo essa máquina me mostra teu ultrabook me joga na tela e me chama de wallpaper conecta esse cabo na minha USB mouse, assim, mouse me faz tua Wikipédia que eu te faço meu Google e vem, faz login em mim depois desse hangout todo seu aplicativo todinho no meu celular carrega 100% de suor sou sms multimídia e

Ensaio sobre a nudez

a poesia, hoje, cedeu lugar à prosa. O que ainda não é, só se faz sob o sol quando abrimos mão da obediência.  Não a obediência em relação ao outro, mas a que impomos a nós mesmos ou a de outros que introjetamos como se fosse nossa. (Nilton Bonder, A Alma Imoral) Hoje, domingo, acordei com um pressentimento. Saí de casa e voltei com uma missão. Era preciso escrever. A febre da escrita passou o dia em suspensão. Ela não sabia muito bem o que seria escrito. E, como febre, assim permaneceu. Mas agora as palavras começam a delinear um cenário. E sabe que, pra que o texto nasça, é preciso um ato: despir-me. Escrevi há alguns domingos atrás que domingo é o dia do possível. E resolvi fazer de todo domingo um dia especial. Religiosamente, para começar a semana com a certeza de que a vida, ainda que não seja escolha, não é senão o que acontece quando damos atenção a nós mesmos. Como muitos de meus dias, este não foi, em parte, como eu queria. Mas quantas vezes não é. Imagino que para

um novo poema egocêntrico

não sei mais o que sou e gosto dói mas gosto e tem gosto eu medito e tenho plantas pra cuidar eu escrevo falo tudo é exagerado até o meu silêncio, quando vem é exagero eu sou ansiedade de querer pra ontem e acalmo o anseio com chá de capim limão a cada dia sou imperfeição não cumpro promessas e não posso dizer que não porque pode ser que sim tive uma banda chamada móbile tenho um projeto chamado móbile tenho uma música chamada móbile destino imperfeito de ser levada pelo vento eu sou espiral no tempo

O amor com cheiro de asfalto

apesar do sangue que escorre de suas veias a poesia vence em suas vielas de onde vemos ascender arranha-céus harmoniosos com o passado belo na sua tela-realidade cidade favela que constrói arquitetura prazer que não se cansa de ser cela aberta do corpo de verão e na linha do olhar sempre ele, o mar impondo-se a bater na pedra de onde surgem as imprecisas montanhas por onde o sol se põe alucinado e nos faz chorar pela beleza alegria mesmo nos cantos sujos do seu belo centro encanto arcos que nos protegem da sombria flor do desespero e nos une em carnaval vencida estou por esse amor bandido que até quando tudo parece perdido Rio de Janeiro você me diz que é possível

nosso amor

o nosso amor foi um lampejo de luz no meio dos tempos longos, cinzas e pesados em que vive o mundo ele foi correnteza ensandecida de desejo que começou sem o tempo da espera nós fomos pressa e enlouquecemos o delírio dos amantes o nosso amor delirou foi errante subiu alto e explodiu e hoje quem sabe o que nos aguarda nas horas incertas das madrugadas... o nosso amor foi brisa de verão e ventania invernal até que, tornado, levou a casa, o cachorro e a calmaria ele cumpriu aquele desígnio do universo de ser eterno no presente e eternamente no presente fomos e agora somos cada um, as nossas próprias madrugadas solitárias com o mundo a nossa volta nosso amor, como todo amor um dia, sofreu a doce e dolorosa desventura do fim que sempre abre os olhos inquietos dos deuses para dias hesitantes por vir e esperamos a calma cada qual na sua estrada sabendo que tudo que começa, termina e que, para terminar, antes precisa c

ninho

minha casa está aberta para o mundo mas não deveria sempre ser assim!? porque a casa está na terra, mas tem portas e janelas minha casa tem memória e saudade uma parede vermelha uma  parede amarela tanta gente e tantos lugares minha casa tem presente e um futuro esplendoroso tem apenas eu nesta hora mas estão todos aqui amigos, amores, família filmes, discos e livros tudo aquilo que ou nos amarra ou nos liberta prefiro abrir as gaiolas pássaros só os que vem de fora minha casa tem cerveja e gengibre na geladeira chá de hortelã e pé de alecrim tem suco de caju e de uva vinho que não se dispensa tapete colorido e insanidade boa agora minha janela leva meus sonhos por aí tem bandeira de oração presente de coração a minha casa tem sofá pra meditar bicicleta dobrada na sala pertinho da porta pronta pra sair tem xilogravura livro de arte guarda-chuva Mondrian tem fotos incenso, Buda, artesanato almo

poesia de domingo

domingo é o dia do possível quando a semana se renova e a gente deve regá-la é dia de calma, de flor, de livro tudo é mais fácil num domingo e nos de sol... ainda mais possível domingo foi dia de luz de almoço entre amigos abraço apertado saudade expressada sem medo um domingo enfim com Caymmi e abará histórias pra contar e rir muitos discos pra encantar jogos que inventamos culinária lúdica feita com amor domingo, olha só rima com lindo gostosura esse viver assim sem fim sem tempo sem nada que impeça a alegria um domingo ao fim de lua essa amiga dos poetas que brilha no mar e nina o coração um domingo se vai mas outros virão rima simples assim

da música que ouço agora

esse comunicar das músicas estranha telepatia eu aqui, você aí e de resto o mundo todo vivendo e girando sem fim um dia vai explodir? dor pra todo lado corações despedaçados neblina o que você quer de mim? ou melhor seria o que eu quero de você? mas as cores ainda existem e são muitas as árvores continuam crescendo (quando não são cortadas) os coelhos procriam os botos trepam por prazer e as libélulas não cessam de voar no ártico dizem que o efeito estufa derrete os icebergs mas ainda há gelo de sobra... e lá do outro lado do mundo algum mestre espera o seu discípulo o tempo não pára a vida corre feito um trem disparatado é poesia pra todo lado no mar então, nem se fala aqueles barcos todos, se pudessem falar... e vinho pra celebrar é preciso celebrar até mesmo a dor é preciso celebrar a espera a derrota o não saber tudo é luz nesse mundo incerto e certo é que a vida é feita de encontros que feliz é esba