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Mostrando postagens de março, 2011

raro

raro, não se decomponha em dor escape pela criação sua força reside no suor e na palavra em um amor imenso que talvez nem consiga ver amor-território lembre-se do território fuja, mas retorne diferente grande, esbelto, esguio, prazeroso porque só há prazer em você saliva, corpo inteiro, sentidos, há mais do que te fizeram crer há o que você já sabe vá, corra dance respire alongue o mundo é seu todo seu e o amor é fácil nisso que esboça naquilo que permite até mesmo no que ainda não sabe está no corpo é um calor sentido é um desejo inevitável é vida,   vida que pulsa nas veias no nervo, nos cabelos, nas pernas que encontro no peito carregado de pulsações vida que cresce e quer tomar forma vida que grita e quer nada além do que ela mesma em você

palavras e coisas

algumas palavras não mais compõem meu vocabulário não sou literata, sou poeta e poeta não precisa da linguagem-objeto as palavras me são as coisas voltei no tempo para me transformar em mago se me prendem, definho meu coraçãozinho livre sofre e se esvai a força não antes, claro, de rir muito alto e produzir afetos que lhe parecerão insuportáveis se me obrigo, morro mas me dê sal, ervas, um tambor e chocolate e faço o universo cate comigo conchas no fundo do mar e me entrego me conte desejos e projetos e derreto toda afinal, sou poeta porque digo que sou assim como apenas simone e sartre poderiam dizer que eram um casal quero cada vez mais os elementos e o sentido da vida que vá para o inferno já achei o meu a astrologia me é tão séria quanto sua ciência amo a música e as imagens com a mesma intensidade e minha religião é feita de terra, sangue e maresia no meu panteão, cristo é irmão de dionísio e pouco me importa o que você pensa que

eu, o que é e se desfaz

a vida é uma brincadeira, definitivamente e, de fato, é só isso que posso encontrar de definitivo no mais, tudo o que tomamos como necessário necessita de tanto peso e solenidade que me faz bocejar não é possível aos presentes ouvir um professor que exale poesia em aula de administração muito menos ao moço de sapatos marrom que mesmo no elevador parece correr pelas ruas da cidade carrega uma pasta preta, sei bem o que tem lá dentro dor, dúvida, um coração aflito e um macho ressentido mais cedo presenciei apatias vi aqueles que lêem fernando como bula de remédio incapazes de rir do pão de queijo que cai aos seus pés como se fosse a cabeça de um cogumelo rolando repreenderam o riso desinibido que o poeta compartilharia conosco ao ler suas próprias palavras mas quem sou, ora pois, para sair por aí dizendo tudo isso? eu que nasci sob o mesmo signo, mas cujos heterônimos não me tenho claros? de qualquer forma, que interessa! eu, aquilo que sente, pode

A saída para o mar

Eu sei, ainda que não a veja Ela está sempre lá Na direção da janela do meu quarto A saída para o mar aberto que amplia esta baía Onde uma fortaleza já perdeu o seu sentido E não é nada mais agora que uma bela obra de arte Como se tornam todas as obras de arte com o tempo Puro vazio... Sangue que ficou num lugar desconhecido Mais bela quando o mar se agita E em sua muralha as ondas quebram indiferentes De lá de cima posso vê-la melhor Conversam as obras artísticas A de onde estou, utopia de arquiteto E a que te abriga aí embaixo, no mar O passado e o presente em conversa Tecendo um futuro já tão próximo Que posso sentir o seu cheiro Ele entra sempre pela minha janela O vento é sua carruagem Naquelas noites calmas Em que os ônibus dão trégua de fazer passagem E não há adolescentes a gritar no pátio Só a luz do museu encoberta por uma neblina clara E a minha velha conhecida inquietação Nem mesmo as paredes tão sufocantes

Declaração

não há nada mais belo e perigoso que desejar ser o profeta de sua própria história e eu, que recebi tal dedicatória no filme que me arrebatou, se não me faltassem palavras agora, já tão bem ditas no livro, como quem mede mas não pesa, nem o poder da intensa criação sonora, arcaica e renovada, aquela fome toda dos corpos da família, e o súbito olhar de Ana, escapando à captura, a dança de Shiva, se não faltasse agora... seria eu a própria potência, a estrela renascida, barro de novos constructos, rizoma de tudo o que respira aquilo que te sobra, amigo a força de afirmar a vida dure o tempo que tiver que durar desde que talhada no amor impessoal ela, a vida, pois que é o contrário da morte, o amor e o que dá a isso que chamamos vida a sua consistência eu poderia sair por aí simplesmente a colher as pitayas todas do universo como criança coiote, a ser também uma entidade, o mago, a força, a mãe, o louco, o it não fossem ainda fo