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Mostrando postagens de agosto, 2012

Rarefeito

Hoje eu me descobri Aquela que paira na superfície Que busca a satisfação imediata E finge ser a rainha da paciência Mentirosa A terapia mais cruel e efetiva É a solidão deliberada Masoquismo em se descobrir o que é Estou sufocada Como o mergulhador que resolve descer ainda mais Pra se afastar o máximo que pode da terra E aí lhe resta uma escolha Será mesmo escolha? Ou ele se vai Ou sobe e encara Encara que não gosta da sua própria narrativa E que não é esta que gostaria de contar Por isso talvez ele se afaste... Encara que essa narrativa foi mais construída por outros Que por ele mesmo E que a maior parte da sua vida lhe passou alheia Mas então ele tem um deja vu E se recorda dos momentos em que a vida, essa mesma, Lhe deu a chance de ser o seu próprio desejo Aqueles decisivos instantes Assim, ele tem a certeza Certeza de que é inconstância e movimento Quando tudo o mais é raiz e permanência E não sabe ainda construir o próprio

Poema herança 2

uma latinidade escorre de mim antes que eu possa reagir antes que eu possa desejar reagir porque não quero fazê-lo quando ouço essa guitarra mas essa latinidade quer atravessar o oceano ela, pacífica e atlântica que ser também índica - quando ouve a tabla enlouquecida da divindade - e amar de perto os mestres que, de longe, já são seus ela quer sentir o cheiro das especiarias lá de onde elas vêm cortar o quase continente do sul tropical ao gelo do seu norte e realizar ásanas de luz sobre a montanha provar sabores de incenso sentir os cheiros das povoadas cidades e do rio tão sagrado e abençoado encontrar com Shiva em sua morada e agradecê-lo simplesmente agradecê-lo saudar o sol de tanta história de uma vida sofrida e miserável que foi capaz de produzir budas iluminados a nos ensinar que a vida só é dor porque queremos que ela seja nossa tem esta terra Sidhu a nos ensinar uma beleza pra que sejamos fluxo toquemos

Poema herança 1

uma música que me lembra o futuro é esta que ouço agora não menos carregada de genética "céu da Mouraria, ouve... vai chegar o dia novo!" e me traz aquelas lembranças das mesas postas para o domingo no gramado, ao lado das árvores, onde se sentam todos os desejos ao sol as crianças correm até brincar de cair no mar do arquipélago distante de onde veio parte de mim vem uma música cravejada do sonho dos mundos além-mar lá onde nasceu o desbravador Sr. Vieira Cristo para quem muito bem poderia ter sido escrito que tudo vale a pena se a alma não é pequena talvez sim, ele tenha sido homem de garra que do mar não teve medo e foi guiado pela mulher de profundos olhos castanhos e guerreiros talvez deles tenha eu herdado essa vontade incontrolável de ser capitã de um maestro dos mares porque meu barco já tem nome, caro avô e o sabor que sinto em minha boca é de azeite fresco que escorre como se não tivesse fim pedindo de acompa

Julho

eis que julho se foi esse mês imperador em que meu ego césar se afirmou diante do meu corpo eis que se foi o julho do suposto fim do mundo e esse meio do fim despertou a ânsia do agora mas atravessei a linha do meio sobrevivi eu que não me apego mais a santos que vivo numa Roma pagã anterior ao peso de carregar um nome-eternidade minha revolução foi solar em excesso brilhou dentro de mim tudo que era escuridão fui abismo oceano em revolta quase tropecei e vejam que aqui saturno retornou faz alguns anos mas até hoje ele parecia estar completando seu ciclo daqui a pouco terá chegado o ano temido teremos viajado teremos fracassado teremos tido sucesso teremos desejado feliz natal teremos já brindado o fim do ano aguardando mais um carnaval por vir e o que será de nós? o que será do mundo que anda tão pequeno e é tão grande? das pessoas do mundo que andam olhando para o chão? o solo é para dar firmeza para olharmos para o céu e o horizo

prece

agradeço, vida, pelo que pôde e o que não pôde ser o excesso e a falta o que simplesmente foi, é e será e toda palavra que aqui ponho é pouca para mostrar minha gratidão porque tudo na vida é luz! é preciso que se abram os corações é preciso sempre não deixar pra amanhã o que se sente hoje porque amanhã será diferente e ignorar será um câncer e uma promessa, isso de que não deveríamos nos ocupar, a promessa de um barco no cais que nunca sai pra navegar... barcos foram projetados para a precisão da navegação, e não do porto, - esse é temporário -, e para a indefinida trajetória quando vem a tempestade porém, se calmo, o vento aponta para o leste, não brigue com ele seja amigo que aceita o outro incondicionalmente e se ele aponta pra todos os lados e quase te joga ao mar seja pêndulo aprenda com ele a flutuar e ir de um lado a outro confunda-se nas tempestades e elas passarão e vc nem perceberá e sorria sempre (re)concilie-s

sendo

não queira me entender não queiram, nenhum de vcs perderão seus preciosos tempos que deveria alimentar de amor seus corações dizem por aí que meu nome é aventura eu digo que é ansiedade e dúvida nada me conforta mais que a certeza ainda que ela dure um segundo é por esses segundos de certeza que eu vivo e por aqueles que consigo esticar para durarem mais são eles que me movem a arriscar viver o agora por isso, não adjetive tão cedo não queira dar explicações a única explicação é que sou como vc infinita, iluminada e cheia de deus como qualquer ser humano apenas desejando a alegria que seja por um minuto por uma noite, um dia por uma daquelas eternidades momentâneas que nos dão energia pra continuar a gargalhada não queira me entender é preciso aprender a só ser

eterno retorno

o corpo é esse reservatório de potência que ora ou outra, desloca desfila e vez ou outra se contorce o corpo é esse reservatório de desejo sem fim de fome de viver de não querer esperar e ser