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Mostrando postagens de maio, 2013

as veias da cidade

minha poesia tem fome como fome tem um beijo e percorre as veias da cidade tem aura minha poesia e preenche os espaços vazios do porto e do meu silêncio diante da paisagem como sangue tem meu corpo como lua tem hoje o céu do Rio de Janeiro eu me beiro nessa noite clara, de estrelas nessa noite densa, de sonho como o sonho de uma noite de verão mas é outonal o céu carioca, de lua abissal, que vejo da janela do carro como se carro fosse o meu desejo e pudesse me levar onde agora festejo... onde também a lua é vista e a vista é a pura poesia do que vejo tem música essa metrópole, do alto, do asfalto, da ladeira que o percurso toma, dos arcos visíveis do bar que imprimiu um cheiro como a minha poesia, percorre o táxi, as veias da cidade e um torpor circula pelo meu sangue e invade as veias porque não pode senão, invadi-las, e torná-las arte atravesso a cidade me atravesso e atravessa meu corpo um ar frio carregado de futuro do cristo à flore

poema distraído

hoje eu acordei desperta! não havia sol... ...mas havia a clave no meu corpo ainda hoje eu acordei um tanto leve um tanto perdida numa música numa ilha com nome e sobrenome hoje acordei sem pressa, sem trabalho, sem espera, sem ferida, sem expectativa... mas com o sangue reverberando um perfume, um tato de mãos sonoras provocadoras de lume hoje acordei um tanto distraída, quase sem perceber... que acordei pensando em você

só mais uma poesia contemporânea

que horas são? uma da manhã? que importa... há luzes tantas meus olhos mal sabem das estrelas se esbaldam, eles, no excesso cegam te quero, penso tenho fome, e é tenso quero água já são mais de uma da madrugada e a madrugada tem refinamento de luz, afinada de som, exato e diverso do ruído do meio dia descanso que faria eu, se pudesse sair agora do universo das palavras? diria: me chama pra sair! ou eu chamaria, sairia da rede social, abriria a porta, escancararia o coração substituiria o teclado pela pele e meus dedos seriam mais justos com o universo solidão, pré-condição? te digo: cuidado! fica a dica! #meucoraçãoémaisqueumteclado o chão brilha a cidade dorme, em boa parte restam os homens de boa vontade que circulam pela noite enluarada. meus pés cansados procuram abrigo numa água quente, num pé quente, no estio, um estilo; e ouço quem diga: beijo, me liga... do outro lado da rua uma alma semi nua comporia bem na casa que decoro ela diria: ado

poema dos pequenos gestos

apertar um botão um aperto de mão sorrir, simplesmente partir, de repente jogar uma semente uma cerveja que compõe com o que se sente uma dobra num papel retirar um véu um acorde não me acorde a porta quando tu entrares a sutil conversa dos olhares

o som e o silêncio

é no momento do silêncio, entre uma nota e outra, que meu corpo retoma, na voz, o seu desejo e deixa nele ecoar o corpo do outro ...e o ensejo é no momento do silêncio, quando respiro e sustento, que meu coração se revela, e entregue, forasteiro, ressoa nele todo o seu intento... ...e vibra inteiro é no momento do silêncio, quando as passagens se dão, que me conecto mais fundo... ainda que por um segundo, e este precioso instante produz meu diamante: tudo o que carrego de mais intenso em mim se lança no universo pela voz para semear estrelas e colher amplas ressonâncias no mundo sem fim das coisas sonoras produzindo as reticências que o meu canto põe ao fim de cada tempo para ampliar o espaço de todo e qualquer lamento para ampliar o dia a toda e qualquer alegria

anunciação

anunciou-se um corpo o meu próprio relembrou seu ópio pedi-me atenção lançada estou mais uma vez no poço sem fundo da alma essa inexistência exata que me cala a exata existência como há um, dois anos talvez? quem sabe alguns meses quem sabe... quem sabe o que trazemos conosco e que nos torna nós mesmos? mas que melhor momento para uma virada! estes, em que não sabemos nada... quando o que nos é revelado, apenas pela intuição pode ser conquistado se sei do líquido raso que é meu sangue tão infame e próprio à densidade alheia é porque sei da imensa profundidade da pele e sinto o rombo do corpo sutil maltratado o tombo de dentro de mim mesma deslocada lá onde só a poesia é a composição certa de palavras e irmã dessa poética palavra a música é também ela capaz de reconhecer a suada alma despedaçada e com tanto ainda por viver densidade em ser por um lado, brisa por outro, ansiedade velho e conhecido exercício o de equilibrá-las pois nasc