Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Meu mar português

Disseram-me em poesia Que já sei o suficiente para não resolver E que tenho o cronograma perfeito para o plano não traçado Com o conselho amigo de navegar no barco dos meus sonhos Abaixo, ao mar... E deixar no alto o que é para estar no alto e lá morrer Como luz de farol Lugar que não faz parte do real Apenas guia E eu que me achava mergulhadora sábia... Hoje cometo o excesso de me afogar num mar imprevisível Eu não sabia era nada do fundo das águas Eu não sabia era nada sobre a forma do desconhecido Essa maleabilidade do amor líquido Tantos anos a treinar meus pulmões Para, na descida ao abismo, descobrir Que ele é muito mais escuro que eu supunha E que a água é muito mais fria E tudo é tão lento e largo Que o ar não cessa Ele silencia Dizem que mergulhar fundo traz sabedoria Eu rio sempre dos axiomas tortos que derramam As bocas que não conseguem ficar quietas Mergulhar fundo asfixia Mas depois que o ar se acalma nos pulmões

Para amar de verdade

para amar de verdade é preciso antes, amar-se nenhum mistério no que escrevo já disse algum poeta em manuscrito para amar de verdade é preciso localizar o desejo e observá-lo como a um bicho que atravessa a estrada na frente do nosso carro e é preciso deixar de lado o ciúme, o desespero e dialogar com o apego fazer planos pra si mesmo e somente para si entregar-se a deleites solitários é preciso abandonar a memória das promessas não cumpridas das coisas ditas e não ditas e as boas lembranças de cheiro as de muito tempo e as de ontem também abandonar até a quem se ama deixá-lo só e por um tempo esquecê-lo e fazer das memórias de dor substância de renascimento do amor porque sempre serão rima um com o outro já que amar exige esforço de enfrentamento do que é mais grandioso para amar de verdade é preciso estar disposto a encarar os próprios medos e se olhar no infinito do espelho é preciso querer encontrar dentro de si a liberdade de descobrir que a vida