desabafo
viver pairando sobre as brisas para depois lançar-me novamente pudera eu ser brisa e toda a vida pareceria mais leve mas eu sinto até os interfones quando tocam e as britadeiras espalhadas por todas as cidades que hoje já são grandes até mesmo sem sê-las e que agonizam em obras sem fim quero ser poeta do meu tempo mas não sei até onde isso é possível recolho as folhas e os gravetos de outono para que não perca de vista minha alegria de mudanças porque elas doem e eu sinto doer cada pedaço do mundo as agonias, a força vencida pela arma os peixes, as tartarugas, e tudo o que sofre no mar tão invadido de garrafas carregadas de uma mensagem que preferia não ler sinto a dor de cada árvore derrubada, cada planta impedida de crescer, cada inseto que se esquiva no concreto e por tudo o que é grande porque é difícil desejar a grandeza em terra de ovelhas e é por isso que eu amo as putas que querem ser putas os vagabundos por opção a