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Mostrando postagens de outubro, 2010

insônia

Não durmo, nem espero dormir.  Nem na morte espero dormir.  Espera-me uma insônia da largura dos astros,  E um bocejo inútil do comprimento do mundo. Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,  Não posso escrever quando acordo de noite,  Não posso pensar quando acordo de noite —  Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite! Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer! Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,  E o meu sentimento é um pensamento vazio.  Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam  — Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;  Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam  — Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;  Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,  E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo. Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.  Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.  Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.  Um grande silêncio apavo