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Mostrando postagens de março, 2015

máquina

uma poetisa que assim se nega, embora seja tão dona das palavras, então me disse: encare o coração como uma máquina! se ele não está funcionando direito é porque está sobrando ou faltando alguma peça lembre-se do nosso engenheiro sensacionista e a ele dedico a minha prece: ó grande senhor da poesia, amado mestre, que ama os navios e as engrenagens porque eles funcionam, conceda-me, mestre, a dádiva de também amar assim, apenas aquilo que funciona como tem que funcionar, porque hoje, que se dane a poesia, o abraço e a chuva que cai lá fora pedindo aquele corpo do meu lado. eu morreria mesmo é triturada por um motor e não por sua rima

arte de viver

era um delírio quente que me ardia a madrugada de seiva bruta açucarada escorria na água do chuveiro como engrenagem tátil encaixada no corpo retrátil da celulose que se tramava para escrever um novo livro a tinta era de vinho e diziam, tinha até sangue, aquele cheiro tórrido da última noite de verão... tinha alfazema e lírio tinha o delírio do suco de desejo enrolado no edredom e o ar frio que já começa a querer deixar seu rastro e aproximar os corpos e era mórbido... porque havia morte também e nascia um elemento estranho como que fazendo graça na minha frente pra dizer: esquece faz tempo a tua aurora tem mais coragem que a coragem vazia de quem ama as tempestades apenas nas pinturas das paredes a arte é pra quem vive