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Mostrando postagens de agosto, 2019

Diante do concreto

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Disponíveis antes que a força bruta Desmantelasse os ossos de tempos sofridos Estávamos, eu e tu, diante do concreto O relógio marcava 23 horas Chovia fino, havia silêncio, fazia calor Teus olhos quase claros e gestos singulares Não davam margem para dúvidas E eu permanecia sentada observando, Como se a qualquer momento o mundo Fosse entrar em guerra E seríamos os dois, em duvidosa moral, carregados a um campo de extermínio ou trabalhos forçados Numa Gulag imprevista de um mundo Pós-democrático Perseguidos pela Gestapo das almas perdidas Antes fosse história, ópera, burlesco E, na madrugada, pudéssemos apenas Ouvir com deleite o silêncio e os grilos Você, a fumar seu cigarro olhando pro nada E eu, a escrever meu livro, mais umas páginas Antes fosse apenas filosofia E um muro não separasse as fomes E um oceano não se transformasse em máquina de guerra O que virá não sabemos Sequer sabemos o que queremos Você anda perdido de tão encontrado Amante de tudo nas sac

Nós, os egoístas

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Ah! Como são tantos a falar Dos geminianos sem coração Que se importam, mas não tanto Esses de alma torta Que mudam de casa Mais que de sapato E começam e começam A deixar os fins para os outros Ou nas palavras rabiscadas em cadernos - Porque não há fim Tanto quanto só há fim - Nós, os obscuros Estudantes dos astros Para quem a vida é uma teia de mistérios Da qual só sabemos existir Pela consciência e nada mais Pois nada nos obriga A ter teorias sobre as coisas Nós, os de sangue insular Que sentem apertar ao peito Os maquinismos Os paquetes Os marinheiros Os que constroem estradas No mar sem fim visto das esplanadas E nos telhados de Lisboa Ou de uma terra estrangeira A minha, mais que a tua E no sentir tudo de todas as maneiras Ao íntimo, o gelo do nosso coração É uma casca fina De quem sente fingindo E finge que sente Gostamos mesmo é do drama Como o meu em derramar lágrimas À tua cômoda Que graça tem a realidade Da gente que segue os protocolos