Revelação

Escrevo poesia quando menos espero
No aguardo da poesia mesma
Ou flertando com aquela
Que brota do concreto
Todo o tempo ela assopra no meu ouvido:
vai, Vanessa, me revela!
E as palavras me saem
Como vazamento
No bueiro da calçada
Invadindo a arquitetura
E toda a forma muito bem estruturada
Suja, bela, inesperada
Palavra amorfa que se amolda
Ao que transborda
Nessa hora eu poderia ser qualquer coisa
Chão, parede, janela
Qualquer densidade com cheiro de musgo
Todas as vigas e varas do teto
Para saber como é ser permanente
E preparada com cimento para o acaso
Porque a poesia me ensinou
Que ser humano se prepara mesmo
É no despreparo

Postagens mais visitadas deste blog

Depois da conversão da noite

Planeta Mar

Bio e micropolíticas