A solidão é uma puta velha Ela chega cheia de ressentimento Vai contando aquelas histórias mais bizarras A gente se sente meio constrangido porque ela não tem papas na língua Fala das dores passadas, das vezes que não queria Ela gostaria de se vingar Mas percebe que não há vingança possível A quem? Ela se pergunta E começa a contar outras histórias Talvez elas nunca tenham existido Mas se não existiram, não são menos reais Só sei que de ressentidas não têm nada E são uma celebração da vida, daquela forma mais inusitada Diferente do comum, daquele comum que criamos como couraças E o ressentimento vai ficando para trás quando se esquece Ela vai esquecendo e vai tecendo o novo Ela vai dizendo da montanha que escalou, do país que conheceu Do homem que amou, das loucuras que cometeu Se é verdade não importa, Já produziu em mim uma alegria torta de viver Tudo aquilo que posso fazer, todo o mundo inteiro pra sentir E depois de contar todas as históri