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Mostrando postagens de novembro, 2010

Feriado

Eu me desperto com a chuva Tão simples e grande como o meu desejo Um ré menor num violão reverberado pode ser tão mais que um dia inteiro... Eu não vivo nas calçadas cheias, vivo nas montanhas Pelo menos é assim que me vejo Porque basta um vento pra me deslocar inteira E algumas palavras de poeta pra me descansar angústias E um som vindo de longe que de repente está dentro de mim Porque quero viver nas entrelinhas, nos ritornelos todos do meu mundo Se não sei como dizer, que posso fazer? Que posso fazer, eu que não sei como dizer que amo? Eu que às vezes não sei como abraçar, e quase sempre é só o que quero Eu que fujo das comemorações Eu que não sei ouvir as músicas que não quero ouvir E desejo sempre o silêncio ou um som que conecta Eu que não sei me conectar sem que seja do meu jeito um tanto calado Posso eu querer do mundo o mundo, se nem sei como vivê-lo? Se transbordam de mim estranhas nebulosas circulares E orquídeas crescem pelos meus pés

Poesia circular

1 ...Porque pairava sobre os meus olhos como estrela reluzente. Nua estava a vida quando a encarei E me sorria bem de perto Tombando aos montes como quem fere e quer vingança. Porque calava, e isso nada tem de trivial, Causava e descontornava o sonho E sempre retornava Ela, que viajava pelo tempo... 2 Eu disse que sim Bem sem pensar o por quê Sem saber do ar Eu disse que era meu Mas não era, e eu sabia Porque nada pode sê-lo Sempre soube que não se pode ter Porque tudo é só do mundo, do infinito E do próprio tudo, si mesmo Mas, ainda assim...

novas pílulas pra dormir

O tempo mais longo... é aquele em que precisamos suportar que passe --- Início da primavera Comprei um girassol para comemorar Ele morreu três dias depois... Eu já deveria saber Que não se pode prender num vaso a exuberância --- Pra onde vão todos com tanta pressa? Será que há algum grande evento e eu não estou sabendo? --- Vivo uma nuvem! Uma faca me dilacera por dentro, onde sou É que, de repente, cansei de ser gente

Medusa

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Eu estou fluindo Sou líquida e fumaça E a lua me assiste Aplaudindo minha dança Mole e lânguida de tartaruga magra Existe um mundo rosa no céu Quando giro meu pescoço e vejo a luz E uma espuma tão branca A que furam os pássaros Que passam por elas, entre elas Pássaros que nadam no céu Abaixo nuvens quebrando na praia E eu dançando Retorcendo de saudade Fluida intensidade Com a necessidade de sólido Mordo a montanha doce E caio de boca na areia Saio me esgueirando pelas pedras E sinto rachar os pés Sangrar o casco Sinto mais ainda Que sou aquilo que não entendo Porque quero ser marisco Mas sou medusa que flutua