Feriado
Eu me desperto com a chuva Tão simples e grande como o meu desejo Um ré menor num violão reverberado pode ser tão mais que um dia inteiro... Eu não vivo nas calçadas cheias, vivo nas montanhas Pelo menos é assim que me vejo Porque basta um vento pra me deslocar inteira E algumas palavras de poeta pra me descansar angústias E um som vindo de longe que de repente está dentro de mim Porque quero viver nas entrelinhas, nos ritornelos todos do meu mundo Se não sei como dizer, que posso fazer? Que posso fazer, eu que não sei como dizer que amo? Eu que às vezes não sei como abraçar, e quase sempre é só o que quero Eu que fujo das comemorações Eu que não sei ouvir as músicas que não quero ouvir E desejo sempre o silêncio ou um som que conecta Eu que não sei me conectar sem que seja do meu jeito um tanto calado Posso eu querer do mundo o mundo, se nem sei como vivê-lo? Se transbordam de mim estranhas nebulosas circulares E orquídeas crescem pelos meus pés