Meu mar português
Disseram-me em poesia Que já sei o suficiente para não resolver E que tenho o cronograma perfeito para o plano não traçado Com o conselho amigo de navegar no barco dos meus sonhos Abaixo, ao mar... E deixar no alto o que é para estar no alto e lá morrer Como luz de farol Lugar que não faz parte do real Apenas guia E eu que me achava mergulhadora sábia... Hoje cometo o excesso de me afogar num mar imprevisível Eu não sabia era nada do fundo das águas Eu não sabia era nada sobre a forma do desconhecido Essa maleabilidade do amor líquido Tantos anos a treinar meus pulmões Para, na descida ao abismo, descobrir Que ele é muito mais escuro que eu supunha E que a água é muito mais fria E tudo é tão lento e largo Que o ar não cessa Ele silencia Dizem que mergulhar fundo traz sabedoria Eu rio sempre dos axiomas tortos que derramam As bocas que não conseguem ficar quietas Mergulhar fundo asfixia Mas depois que o ar se acalma nos pulmões