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Mostrando postagens de março, 2016

Imoral e física

Sou fagulha de sol Na direção do improvável Tudo o que imagino Realizo E minha aura radiante paiol Veste túnicas de cetim sanguíneo Há que se considerar que, Afoita, Jamais manseio E que, carregada de arpejos, Não me entrego a qualquer fato Hoje, avalio ontem Repenso Estratégia me faz O tempo me ensinou a ser selvagem E a catarse dos momentos A manter foco em arte Sou arma de forte na entrada no mar E pirata que toma os navios da realeza Não concebo Moral Que a alma não aprove E me debruço à falta dela Porque me sirvo Desejo Há quem se alimente de restos E se contente com palavras belas Ou sou diversidade Aquarela Ou me recuso a ser esteta Prefiro a imoralidade da traição À sensação castrati de viver obrigada De que adianta alcançar as notas Sem que o corpo conheça A dança apaixonada Há quem pense em agudos E, só depois, em graves Eu deslizo por toda a grade Sou fagulha de nada Que sabe ser tudo Não me culpo a arrogância De me sent

Carta a quem interessar

Não me importam as tuas narrativas Mas o que dizem as entrelinhas As fotos que publicas Os poemas que recordas As músicas que gostas Não me dizem nada Não sou fã das aparências Procuro o que escapa no teu gesto A significância do que mostras E o desejo por trás de tuas apostas Não me interessam A voz bandida ou de anjo Se tu te achas do bem Ou se te achas do mal Eu me divirto com adjetivos São apenas possibilidades da linguagem Julgamentos morais não me atraem Pois o que realmente te faz Fica guardado no teu plano mais secreto Se tu gostas de mim ou não De nada me interessa Tua opinião é só mais uma entre sete bilhões Quero saber o que isso me diz sobre ti E o que te faria largar o teu ego O que expressas numa mesa de bar Interessa à sociologia e ao teu analista (Como o que expresso, ao meu) A mim interessa o que existe Quando estás só e em silêncio Quando toda a luz já se apagou E toda a cultura dorme Quando mostrar-se já não é necessário E os medos e a

Oração

Que a poesia me livre  Das suas prisões E das minhas e das de todos nós E me permita, ela, Sempre a liberdade Ainda que subjugada Sob a bandeira da necessidade Ou a sentimentos presos Em gargantas ilhadas E que minhas verdadeiras intenções Não sejam reveladas  A quem não merece conhecê-las E meus desejos mais secretos Sejam apenas meus e daqueles que escolho Que o tesão se faça todo dia Nas brechas dos momentos burocráticos E através deles E a ironia sorria para os que mentem a si mesmos E fingem ser o que não é De tal forma que se tornam caricaturas ao espelho E que venham sonhos e nos libertem, todos E sejam eles os meus guias Nessa estrada de vidas que se querem poucas Que minha face mais verdadeira Seja dada aos momentos de fato sinceros E as máscaras certas sejam usadas Nas horas em que só cabe sobrevivermos Que eu não tenha medo E ele também não  E ela também não E nem eles, nem nós,  Nem irmãos ou inimigos E sejamos todos capazes De ver que nada