o pêndulo e o poço
quando inflama um corpo
e a mente reclama, insolente,
divergente
pra um lado o corpo,
pro outro lado a mente,
o mundo pede calma
mas o que se faz com o que não se alma
e com aquilo que se alma até demais?
quando inflama um corpo, inflama!
e nada mais
a mente tenta anuviar
nubla a memória
dispersa a história
libera palavras que tentam racionalizar
mas quando inflama um corpo, inflama!
e não há como disfarçar
a mente briga com o corpo
e relativiza o tempo
esse que corre,
oferece, tira e devolve...
sem chance pra lamento
tola mente!
porque a memória tem cheiro...
voz, carne, osso
sonhos, desejos
e desespero
e vira e mexe
a memória vira carne de novo
e a memória tem beijo
assim, inflama o corpo
e ri na cara da mente
mas, insolente, lhe olha a mente
e ri do corpo que se alma
mas se mente é a ideia do corpo
mente a mente para o próprio corpo?
apenas sei que inflama, o corpo...
em abraços longos que liberam fagulhas
revelando o que não foi dito
e todo o dito que foi tanto
e que teceu inúmeros fios de futuro
tecem, então, mais um fio, esses abraços...
com os quais se quereria fundir os corpos novamente
a mente...
que pode ela fazer diante do que se sente?
esses fios, só o tempo vai dizendo
como devem ser tecidos...
fios que são como aquela vontade louca
de água no deserto
que une a água e o corpo
como se fossem um só porto
espontânea imanência da vontade
à procura do seu poço
e você sabe que precisa caminhar
para encontrar um oásis
e espera ainda que a chuva caia em tempo,
antes que a sede se transforme
em pesado sofrimento
por isso
cabe ao corpo,
diante do tempo,
colocar-se sempre em frente
na doce alegria do movimento
leve, ainda que sedento
pois, além de equilibrar,
faz, o movimento, um dia,
aquilo que se buscava,
encontrar
ainda que se encontre
uma água totalmente diferente
o que é mais provável
quando perseveramos a procura de um poço
assim, cai o pêndulo,
e fica a água a, finalmente,
alimentar mente e corpo
e a mente reclama, insolente,
divergente
pra um lado o corpo,
pro outro lado a mente,
o mundo pede calma
mas o que se faz com o que não se alma
e com aquilo que se alma até demais?
quando inflama um corpo, inflama!
e nada mais
a mente tenta anuviar
nubla a memória
dispersa a história
libera palavras que tentam racionalizar
mas quando inflama um corpo, inflama!
e não há como disfarçar
a mente briga com o corpo
e relativiza o tempo
esse que corre,
oferece, tira e devolve...
sem chance pra lamento
tola mente!
porque a memória tem cheiro...
voz, carne, osso
sonhos, desejos
e desespero
e vira e mexe
a memória vira carne de novo
e a memória tem beijo
assim, inflama o corpo
e ri na cara da mente
mas, insolente, lhe olha a mente
e ri do corpo que se alma
mas se mente é a ideia do corpo
mente a mente para o próprio corpo?
apenas sei que inflama, o corpo...
em abraços longos que liberam fagulhas
revelando o que não foi dito
e todo o dito que foi tanto
e que teceu inúmeros fios de futuro
tecem, então, mais um fio, esses abraços...
com os quais se quereria fundir os corpos novamente
a mente...
que pode ela fazer diante do que se sente?
esses fios, só o tempo vai dizendo
como devem ser tecidos...
fios que são como aquela vontade louca
de água no deserto
que une a água e o corpo
como se fossem um só porto
espontânea imanência da vontade
à procura do seu poço
e você sabe que precisa caminhar
para encontrar um oásis
e espera ainda que a chuva caia em tempo,
antes que a sede se transforme
em pesado sofrimento
por isso
cabe ao corpo,
diante do tempo,
colocar-se sempre em frente
na doce alegria do movimento
leve, ainda que sedento
pois, além de equilibrar,
faz, o movimento, um dia,
aquilo que se buscava,
encontrar
ainda que se encontre
uma água totalmente diferente
o que é mais provável
quando perseveramos a procura de um poço
assim, cai o pêndulo,
e fica a água a, finalmente,
alimentar mente e corpo