Metalinguagem

Meu paradeiro hoje
Um espelho
Narcisismo da exaustão
Não ouse querer encontrar
O meu ego na multidão
Estou só
Como só os exaustos
Sabem sê-lo
Com o corpo mais arrasado
Que a natureza concebeu
Que não suporta a luz, o caos
Fadiga de coliseu
Incapaz de tolerar o traço mal feito
E a palavra mal dita

Para seu governo torto
Faço poesia com a matéria vida
Num banco de metrô
No ensaio de uma orquestra
Quando já não dá mais
Pra suportar o próprio sentido
E nem mesmo toda festa

Meu sentido é tão somente sentir
E sei muito bem
O que faz este corpo cansado
Sorrir

Um espelho aberto um dia
Na clausura do tempo linear
Mostrou-me
Sem tempo
A cura que é amar

Mas dormir
Para um insone
É tão belo
Quanto o olhar
Daquele homem.

Faço poesia
Com qualquer coisa
Em dias assim
Quando a dor no corpo
Frita os músculos
E elimina o doce cheiro do jasmim

Pra não perder
O mistério do coração

Pra não morrer
De obrigação

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