Água
Caem como estrelas no horizonte da noite
Entregam-se como loucos apaixonados
Golpeiam, tomando para si tudo o que desejam
E mesmo quando não desejam
Corróem, diluem, esbravejam
Entregam-se como loucos apaixonados
Golpeiam, tomando para si tudo o que desejam
E mesmo quando não desejam
Corróem, diluem, esbravejam
Rastejam como bichos famintos
Violentam como doentes terminais
Carregam, levando tudo o que se move
E mesmo o que não se move
Desvelam, desnivelam, retomam
Violentam como doentes terminais
Carregam, levando tudo o que se move
E mesmo o que não se move
Desvelam, desnivelam, retomam
E minha dor vem como um refluxo
Remexe
Flutua como bolha de sabão
No infinito espaço da solidão humana
Remexe
Flutua como bolha de sabão
No infinito espaço da solidão humana
Pois a cada dia matamos algo que não nos pertence
Porque ainda nada nos pertence
Matamos algo a cada dia
Porque ainda nada nos pertence
Matamos algo a cada dia