carta de desistência
pareceu existir,
neste tempo,
desde aquele dia,
- noite!,
uma mitologia
histórias fantásticas
são sempre inventadas!
já ouvia...
sempre soube
que não há
palavra revelada
a alimentei,
esta mitologia,
por muitos dias
(e somente eu)
com lua, barco
e poesia
tracei as rotas!
há um mapa
de nossas passagens
isto há!
de resto,
permanecerá ela,
sempre ela, que corrói
o tempo...
a dúvida
mas quem sabe
se ele não é mesmo
toda aquela alegria?
quem sabe é real
tudo o que talvez
tenha eu inventado sobre
aquele marujo à deriva?
quem sabe
aquele beijo-labirinto
não tenha sido
um sinal de que a vida
nos leva mesmo
é para o desconhecido...
e eu, que poderia dizer a ele:
me perdi sem fio nos teus labirintos,
ainda busco a saída
talvez eu não queira sair
porque amo todos os mitos
ou talvez tenha mesmo
me perdido tanto
que sair requer
esforço e abandono
esquecimento
de toda forma,
tem um cheiro pelas vias
desse labirinto
inesquecível
e o corpo não esquece
assim tão de repente,
aquilo que o leva a perder-se
ele apenas
desiste