as veias da cidade
minha poesia tem fome como fome tem um beijo e percorre as veias da cidade tem aura minha poesia e preenche os espaços vazios do porto e do meu silêncio diante da paisagem como sangue tem meu corpo como lua tem hoje o céu do Rio de Janeiro eu me beiro nessa noite clara, de estrelas nessa noite densa, de sonho como o sonho de uma noite de verão mas é outonal o céu carioca, de lua abissal, que vejo da janela do carro como se carro fosse o meu desejo e pudesse me levar onde agora festejo... onde também a lua é vista e a vista é a pura poesia do que vejo tem música essa metrópole, do alto, do asfalto, da ladeira que o percurso toma, dos arcos visíveis do bar que imprimiu um cheiro como a minha poesia, percorre o táxi, as veias da cidade e um torpor circula pelo meu sangue e invade as veias porque não pode senão, invadi-las, e torná-las arte atravesso a cidade me atravesso e atravessa meu corpo um ar frio carregado de futuro do cristo à flore