Aos nossos contadores de história que se foram...
Ariano Suassuna, que nos deixou hoje, disse certa vez: "o homem nasceu para a imortalidade. A morte foi um acidente de percurso". Em poucos dias, a morte chegou para três grandes pensadores e escritores brasileiros: João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e o próprio Suassuna. Tive a sorte de conhecer dois deles: João Ubaldo e Suassuna. E me deixar inspirar, como ser humano e como escritora. Talvez, seja mesmo a imortalidade que guie um criador a produzir sua obra. E não se trata de ego, mas de uma missão dada pelo universo. Desde o seu início, há alguns trilhões de anos, todo o universo conta a sua história e a mantém eterna. Meteoros carregam bactérias capazes de sobreviver por muito tempo, mais tempo do que nossa capacidade humana é capaz de imaginar. Cada semente conta a história da planta que lhe deu origem e da próxima que ela originará. Nós, seres humanos, contamos nossa história e nossas histórias de inúmeras maneiras: pela palavra, pela tecnologia, as ciências, as imagens, a música. Pelo amor que perpetua a espécie. Se tem algo que une tudo que existe no universo, além do fato de sermos todos poeiras de estrela, é o fato de que tudo o que existe é capaz de, à sua maneira, contar uma história, a história do cosmo, da vida e do planeta, e se manter imortal. Por isso, considero o ofício de narrador um dos mais bonitos. Ele nos torna eternos. Ele faz a vida humana se espalhar pelo tempo infinito do universo. Um brinde aos nossos grandes narradores!
Uma alegria: