beleza pura
Todos os dias se trabalha Todos os dias se bebe a cervejinha Pra esquecer que, todos os dias, não se vive E as golas das camisas vão assim denunciando o teatro Muito alinhadas, combinam com as olheiras, Muito bem delineadas Porque fracasso é algo que não se pode assumir É preciso muita maquiagem As pastas, de tão cheias, quase falam dos fardos que transportam E as bolsas nos parecem organismos envenenados Carregando todo tipo de pílulas e aparelhos da felicidade Enquanto isso a inflação é notícia, a crise se alastra, As mulheres escovam os cabelos Mas que mal há nisso? Afinal, somos seres sociáveis, Precisamos nos preocupar com nossa imagem E a crise é apenas contingencial Os cintos vão bem... Apertando os ventres cultivados com uma indiferença fascinante Os saltos, esses sim, sabem com é viver Sustentando essas verdades de bonecas barbies E, assim, apodrece vida todo dia no estômago do sedentário Aquele pra quem tanto faz como tanto fez Conhece? Vidas que ele nã