o último poema


é chegada a hora do silêncio

uma hora de faxina

muitas caixas
serão necessárias
alguns buracos
algumas estradas
para novas esquinas

é chegada a hora do espia
pra que um dia
o peixe certo venha à rede

é chegada a hora
de pôr em questão
toda melancolia

de esquecer o passado
tanto quanto o futuro
porque é hora
de concentração

pouca noite
muito dia

é chegada a hora

de deixar cair os pesos
de quebrar os totens
já que é tudo pedra mesmo

é tempo de clausura dos desejos
um tempo de meditação
e calma, espinha ereta
para saber o que fica
e o que parte
nessa vida

uma nova casa me espera
uma nova vida já começa
um novo sentido pra existência
precisa ganhar corpo
ainda mais

porque ainda é cartilagem

o que expor
na hora certa
e a hora de calar-se

sabê-los é liberdade

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