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Mostrando postagens de novembro, 2012

o primeiro poema

porque eu te amei (amei?) e te disse que te escrevi teu último poema não quer dizer que eu não os escreva mais mas esses não entrarão nos compêndios serão meus da minha liberdade de te falar nas entrelinhas escancaradas, é certo mas não estão direcionadas pode abrir sua caixa de emails não haverá nada esses poemas de agora podem ser de quem quiser pegá-los estão por aí para serem compartilhados se quiser fazê-los seus pode pegar também é de graça posso até levar na porta da sua casa (eu inseriria um emoticon piscando ...se fosse possível lê-lo) porque eu te amei e chorei tanto naquele dia cinza eu hoje acordei rindo sem palavras mal saberia eu que voltariam, elas pode se orgulhar estou criando obra de arte com você mas eu chorei por um motivo nobre todo mundo há de concordar faltava seu corpo que ficou no mês passado inteiro que ficou num abraço sábado meio mas faltava ora às vezes falta mesmo mas então eu acordei e havia sol então

É melhor ser alegre que ser triste

era uma vez um poema alegre que queria contrastar com um poema triste então o poema alegre resolveu não ser palavra e saiu por aí fazendo carnaval

quando chove uma chuva persistente

acordei cinza a minha contradição tem o nome tristeza daquelas que parecem passageiras em dias de chuva persistente mas presentes, o suficiente, para desmoronar as fortalezas daquelas que apertam o peito diminuem o viço puxam pro solo abaixo um corpo cheio de vida numa hora cheia de alegria eu deveria ser mais atenta na presença do meu corpo a tristeza me desafia duvido da própria força escarro muitas palavras e me pergunto para que jorrá-las se, na verdade, é tão mais simples tristeza ou alegria não existe outra coisa melancolia? não, talvez eu tenha me enganado caí mesmo foi numa tristeza profunda que não quer se olhar no espelho e afunda o corpo num travesseiro velho de que adianta dizer que o sol brilha se quando chove a alegria que se queria é justamente aquela que não pode ser? e desabo que tanto prazer esse de brincar com as palavras de um dia acreditar no amor e no outro não saber sequer no que acreditou? eu que amo tant

O poeta inventa viagem, retorno e morre de saudade

Saudade deve ser uma herança que carrego dos antepassados portugueses. Sinto saudades de tudo, até do futuro. Ao menos é o nome que dou a uma certa ansiedade que se mistura a um sorriso bobo de quem gosta do que viveu ou do que vai viver, mesmo sem saber exatamente o que virá ou sem entender o que se passou. Acho que só sente saudades de verdade quem tem coragem de se lançar ao inevitável da vida. Saudade não é falta, é alegria do vivido, do outro e alegria do que virá. Aquela energia nos momentos difíceis, inclusive, e uma dose extra de coragem para viver o presente com toda a intensidade, para se construir grandes narrativas de vida. Hoje, ao menos, é assim que sinto. Amanhã, sabe-se lá... Certa que a saudade produz uma melancolia, mas a melancolia nos ajuda a lidar com a vida. É necessária para entendermos o quanto fazemos parte do universo. Deveríamos dar mais atenção a isso.  Saudade e melancolia tem uma relação siamesa, me parece... E, por sua vez, com a liberdade e a felicidade

karine aos 25

ela chegou sem pressa e de surpresa tinha a calma de quem parecia saber que viria para trazer doçura e fazer nascer uma canção de encantamento e conciliação ela cresceu iluminada de cabelos cacheados dourada dona de um afeto absurdo saiu por aí distribuindo beijos carinhos, afagos que nunca poderiam ser negados mas ela é hoje ainda uma criança porque na sua beleza de se tornar gente grande guardou aquele olhar curioso, de quem sabe que o mundo ainda tem muito pra dar ela só cresce ela é grande de alma ela é força tamanha de ser amor-mundo como se quisesse abraçar todo esse mundo ela é essa energia em ser só amor mais nada porque amor é tudo karine aos 25 é mística misticismo concreto de ser pura magia amor-mago que conquista e arrasta pro universo sem fim das coisas encantadas dessa vida

do amor, que nunca é demais

quando chega a sua hora o mundo estoura a placenta corporifica um jardim florido a vida ganha colorido diferente derrete a neve necessária e vem a primavera quente anunciando o verão fertilidade é que de repente tudo se torna possível potente amor é força que move  de todas as formas em todas as tribos o mundo clichê mais caro da nossa história raro ainda assim e basta um segundo pra sua aurora se anunciar é bem como diz Chico o amor não tem pressa ele pode esperar e quando chega a sua hora a vida que é demora se apressa em ser inteira festejar porque amor é só festa quando ele vem, só nos resta aquele se entregar livres se não liberta  amor não é amor é o que existe após a espera de se tornar ainda maior e fazer da vida correnteza que carrega vento vento que sopra pra fazer voar

uma crônica no dia da cultura

escrevo, nesse dia da cultura, uma crônica do meu dia que, desconfio, pode até falar da cultura, mas não tenho tanta certeza. só sei que eu pensei nela o dia inteiro. então pode ser que sim, que eu fale da cultura. meu dia hoje foi marcado, basicamente, por discussões, leituras e escritas. um dia cultural? eu ia comemorar o dia da cultura no samba da pedra do sal. mas desisti. não consegui quem fosse comigo. e, mesmo assim, talvez eu não tivesse ido, porque fui tomada, como às vezes acontece, pela febre da escrita. eu já havia sambado no fim de semana. e dançado bastante. venho dançando há semanas. dancei charme, até meus pés cansarem. estou cogitando virar frequentadora assídua de bailes charme. essa música se conecta comigo de uma forma estranha, fisicamente interessante. inexplicável. mas tudo está tão inexplicável que pouco importa. um garoto que me viu entregue ao charme veio falar comigo que estava encantado com a minha entrega à dança, que percebia que eu não era da galera do

o último poema

é chegada a hora do silêncio uma hora de faxina muitas caixas serão necessárias alguns buracos algumas estradas para novas esquinas é chegada a hora do espia pra que um dia o peixe certo venha à rede é chegada a hora de pôr em questão toda melancolia de esquecer o passado tanto quanto o futuro porque é hora de concentração pouca noite muito dia é chegada a hora de deixar cair os pesos de quebrar os totens já que é tudo pedra mesmo é tempo de clausura dos desejos um tempo de meditação e calma, espinha ereta para saber o que fica e o que parte nessa vida uma nova casa me espera uma nova vida já começa um novo sentido pra existência precisa ganhar corpo ainda mais porque ainda é cartilagem o que expor na hora certa e a hora de calar-se sabê-los é liberdade

revelação

a poesia é uma vadia que escancara tudo poderia ao menos, ela, ser um pouco mais reservada, sentar de pernas cruzadas? mas a poesia é apaixonada e livre e de tão livre não esconde nada

2 por 4

à doce melancolia do samba meu coração, que é bamba, não resiste e canta, como se amanhã o mundo não mais existisse canta aquele rio que passou em minha vida e levou meu coração que assobia rio denso, águas turvas o samba, nesse corpo enluarado, me alivia

Poesia de outubro

o mar é minha calma nos dias frios tão mais meu no maremoto interno silábico, de mim e me ensina a ser silêncio queria saber como não precisar das palavras eu que me lambuzo nelas até engasgar pois depois de um tempo resistindo a ele, o silêncio, ao reencontro com o que desejo de mais intenso, a estar só depois de algum tempo resistindo a um choro que nunca veio... eu chorei esse choro chorei porque não era possível não chorar chorei como se chorasse pontos de exclamação porque sou também aquele humano demasiado humano para além das ficções que criei e minhas personagens me pareceram frágeis quais ainda me servem? devo perguntar um mito é em parte verdade em parte uma grande miragem e tudo o que eu mais queria agora eu não diria à ninguém nessa hora simplesmente porque um dia ficará escancarado nas estradas quentes da vida, que só existe porque pulsa (e até no gelo, é energia pura) se assim ficar em mim e se os pré-conceitos todos alheios

Um fim de semana de um mês já passado

estou trocando a pele nesta noite de domingo. aguardo, com as unhas cor de vinho, que meu coração suspenda a ansiedade. aceito o triunfo da fortuna. é preciso deixar o universo agir. foi-se a sexta e sua euforia. foi-se a sexta de um embate. interminável reunião. foi-se a sexta da obrigação. a sexta que da calmaria passou longe e me deixou ansiosa de vontade... foi-se o sábado. de mais um ano do homem que me deu à luz. este que me ensinou a lutar, ainda que sobre isso as palavras nunca venham entre nós. foi-se o sábado da prosa boa com a avó. e eu que tanto busquei por uma história pra um romance, tenho-a agora em minhas mãos. uma família e cem anos de solidão. histórias e pessoas que só então eu soube que existiram. homens e mulheres que viveram noutra época. alguns que morreram de amor. foi-se o sábado de reencontros daquela família. o sábado longo, de sol e de lua. o sábado da volta tua. e de uma noite em que era preciso distrair-se. foi-se o sábado do bai