Gosto de Manjericão

Conto de 2007, que está publicado em meu primeiro livro, Novelo. Em 2011, o revi retornando à sua maior inspiração: Nietzsche. 

Qual pode ser a nossa doutrina? – Que ninguém dá ao ser humano suas características, nem Deus, nem a sociedade, nem seus pais e ancestrais, nem ele próprio (...). Ninguém é responsável pelo fato de existir, por ser assim ou assado, por se achar nessas circunstâncias, nesse ambiente. A fatalidade do seu ser não pode ser destrinchada da fatalidade de tudo o que foi e será. Ele não é conseqüência de uma intenção, uma vontade, uma finalidade próprias, com ele não se faz a tentativa de alcançar um “ideal de ser humano” ou “um ideal de felicidade” ou um “ideal de moralidade” – é absurdo querer empurrar o seu ser para uma finalidade qualquer. Nós é que inventamos o conceito de "finalidade”: na realidade, não se encontra finalidade... Cada um é necessário, é um pedaço de destino, pertence ao todo, está no todo – não há nada que possa julgar, medir, comparar, condenar nosso ser, pois isto significaria julgar, medir, comparar, condenar o todo... Mas não existe nada fora do todo! – O fato de que ninguém mais é feito responsável, de que o modo do ser não pode ser remontado a uma causa prima, de que o mundo não é uma unidade nem como sensorium nem como “espírito”, apenas isto é a grande libertação – somente com isso é novamente estabelecida a inocência do vir-a-ser... O conceito de Deus foi, até agora, a maior objeção à existência... Nós negamos Deus, nós negamos a responsabilidade em Deus: apenas assim, redimimos o mundo.

Aforismo 8 - “Os quatro grandes erros” – O crepúsculo dos ídolos – Nietzsche

Chove na tarde do enterro. Eu não posso suportar tamanha dor que presenciam meus olhos diante dela. Suas mãos seguram o guarda chuva com fragilidade. Seu olhar está distante. Eu de longe a observo, e minha vontade é cair em um choro compulsivo. A chuva aperta. Todos começam a se mover, mas ela se mantém intacta com seu olhar apático e uma languidez de quem vivera uma promessa de amor que se desfez em um segundo. Eu sofro pela morte, mas sofro mais ao vê-la sem a força de vida que me encantou desde o primeiro instante. Aqueles olhos, aquelas mãos, aquele jeito de caminhar pelo jardim, aquele cheiro de alfazema berrante. Agora eu já não posso ouvir a sua voz doce e incisiva nem mesmo contemplar o seu sorriso ao pôr do sol.

Não compreendo. Mal consigo olhar à minha volta. Tão jovem e mal vivi o amor que pensei ter recebido como o maior presente da minha vida. Ele agora não existe mais. Vivo uma angústia do futuro. Estou sozinha. Não há cheiro, não há pele em que possa encostar e me sentir feliz. Quero dormir até o último respiro de vida.

Estamos voltando para a casa. Cuido para que nada possa incomodá-la ainda mais. Abro a porta do carro, subo na frente as escadas para abrir a porta da sala e conduzi-la ao seu quarto. Sei que neste momento a sua única vontade é esquecer de tudo. Não posso demonstrar a ela meus sentimentos mais profundos de afeição. Ela jamais entenderia. Fita-me como quem dá ordens. É essa a sua função. Dar ordens para que eu mantenha a casa também em ordem. Como me dói o peito querer pegar na sua mão e beijá-la com toda a lascívia que meu desejo supõe. Que estremecimento! Que sopro de vida que não pode nascer! Quero tê-la para mim. Agora que é livre... Deus perdoe tamanha obsessão.

Acreditava que, ao chegar, me jogaria na cama com a sensação de perda irreparável, como as formigas que perdem seu formigueiro com a chuva. Ao invés disso, sentei-me na poltrona em frente à janela de onde vejo o jardim florido. Nem sempre flores são alegria. Elas carregam uma morbidez do que se move sem se mover. Sinto cheiro de vazio. Um olfato de passado distante. Mas ao mesmo tempo um cheiro de futuro. Uma promessa. De nada. Simplesmente uma promessa, pois há que se viver. Observo atentamente a janela. Ela revela os segredos desta casa. Lamento que os segredos estejam morrendo. Morreu o homem. A mulher que agora sobrevive não tem seios nem útero. Só um corpo cinza. Mas esses pensamentos me cansam demais. Vagueio. Vejo que lá no fundo do jardim, quase a perder de vista, meu empregado tão fiel cuida com esmero das flores que eu gostaria amar. Agradeço por sua dedicação. Sorrio levemente. Atentamente percebo que seu corpo e sua disposição não parecem refletir a idade que tem. Embora muito mais jovem, me sinto mais velha. Alegro-me, então, com a força dos que têm força. Com a virilidade dos homens sem muitas palavras que se jogam com voracidade às mulheres tão cheias de fome que suas saias abafam todo pecado. E mais uma vez, caio no vazio do que poderia ter sido e não foi.

Já é tarde. Aquela hora em que se escuta apenas o barulho dos grilos. Gosto, nesta hora, de ficar na penumbra da cozinha, apreciando o vinho que sempre me permitiram por acreditarem na sensibilidade humana incondicional. Lembro da tarde de hoje quando ela me olhava através da janela do quarto. Sim, eu percebi. Mas sei de seus olhares de gratidão ao meu cuidadoso trabalho. Só chegamos até este ponto. O ponto fraco, que se resguarda, que não sente, que só se trata por palavras de gentileza e respeito. Mas meu coração diz que, ao mesmo tempo, é um ponto forte, que antecede o momento de um êxtase tão profundo que mal posso esperar. O simples ouvir da voz, o simples observar o movimento das mãos indicando onde deve ser limpo. Tudo é recheio para meus sonhos. O ponto forte...

Não consigo dormir. Preciso de água e um pouco de calor. Vou até a cozinha e o encontro sentado à mesa, envolto em pensamentos. Sinto uma felicidade calma. Sei que posso contar com sua amizade e fidelidade. Sento-me ao seu lado e percebo sua disposição para mim. Conto-lhe minhas angústias. Busco respostas na sua simplicidade. Alegro-me, embora triste, com a sua paciência em me ouvir e tentar me consolar. Como ele tem respostas... São tão simples e carregam uma enorme complexidade que só poderiam ter vindo de alguém que vive na música do mundo. Ele segura minha mão tão docemente... Vou para a cama e durmo silenciosamente.

Que todo o meu sofrimento possa ser recompensado. Ela veio até mim e me confiou seus medos. Como tive que me conter ao vê-la chorar. Ao pegar sua mão sem que ela pudesse perceber minhas intenções. Não chegou a hora ainda. Não sei se um dia chegará. Receio o aumento do som das carruagens na estrada, que indicam a chegada de notícias. Receio, como quem receia abrir uma carta, o futuro dos meus sentimentos que ardem feito febre.

Pela manhã gosto de cheiro de café. E percebi que, mesmo em momentos de tristeza, como agora, esse cheiro traz a mim o sabor da vida. Benditas sejam as frutas. Como sempre, ele prepara o café com toda a sua sensibilidade para com a natureza. E me oferece com pão e bolo de laranja feitos com mãos calejadas de sentimentos pela farinha, a água e o alimentar. Cozinha como nenhuma mulher poderia fazer. Minha mãe sempre dizia que existem muitos segredos na cozinha que pertencem às mulheres, mas que alguns poucos são reservados aos homens, e esses nunca poderemos descobrir, por mais profundo conheçamos os donos das mãos que produzem o alimento. Como com vontade. Sinto-me bem ao seu lado.

Percebo quando come o pão feito por minhas mãos. É como se me beijasse. Tenho me perdido a todo instante em pensamentos por ela. Agora está tomando o café. Como ela gosta. E se delicia vagarosamente para não perder nenhuma sutileza. Mesmo com o marido morto essa mulher tem paladar. Desconfio que pensas em algo que não a morte.

É tão estranho como há muito não tomava um café com um gosto tão visceral, como o cheiro de terra molhada. Uma sensação esplendorosa. Quanta vida pode haver num pequeno gesto, que seja o de segurar a xícara e beber de uma boa bebida fresca. Tenho pensado nas pequenas coisas desde que me levantei com ares de futuro. Observei, assim, que uma borboleta, embora haja tantas flores no jardim, pousou nas margaridas da minha janela. E sucessivamente ouvi com atenção os meus passos, senti a água do chuveiro na minha pele e respirei profundamente o cheiro do perfume tomar conta do ambiente. O dia anterior havia sido cinza e de enorme tristeza para mim, no entanto eu acordei como se minha vida estivesse agora a começar. Embora ainda triste, estou vendo o mundo com olhos de criança.

Que perfume! Toda a casa se alegra quando ela passa exalando madeira com limão. Os móveis brilham mais, os tapetes energizam suas cores e as plantas dançam sensualmente. E que tolo eu sou que desde ontem não consigo me concentrar no meu trabalho. Justamente no que me aproxima dela. Tenho muito a fazer agora. A casa é grande e preciso limpar todos os cômodos antes que cheguem seus parentes; tia, pai e irmãs, para o fim de semana. Eles não puderam vir para o enterro. Levariam dias para chegar até este lugar perdido no mundo. Perdido mas incrivelmente belo. Agradeço a vida por poder partilhar de tal espaço privilegiado, abundante em tudo o que gera de sua terra e, principalmente, em beleza.

Passei o dia a desenhar, pois o ato de criar contornos no papel me conecta ao que poucas vezes consigo me conectar. Eu e a varanda somente, tentando aguardar com paciência o andar dos ponteiros. Tenho estado ansiosa. Minha família chega no sábado, hoje ainda é segunda. Quero abraçá-los, mesmo que poucas vezes eles tenham tomado a iniciativa do abraço. Mas agora só os tenho. Minha esperança de liberdade se foi. Volto assim a ser filha, sobrinha e irmã, não mais esposa. E penso que talvez estas poderiam não ser definitivamente as únicas possibilidades de uma mulher. Há que ser mais que filha, sobrinha, irmã e esposa. Mas não sei exatamente o que é este algo mais. Preparo-me para o jantar.

Cozinhei uma massa como nunca. Dosei com exatidão os temperos para que ela os sinta um por um, assim como os seus efeitos. Dei um toque especial ao manjericão. Esta noite não poupei esforços para fazê-la sentir-se especial. Preparei a mesa com os antigos castiçais de sua mãe e velas vermelhas. Peguei na adega o mais saboroso vinho, aquele que seu marido estava, há um bom tempo, guardando para um momento especial. Senti que era um momento especial. Ela havia passado o dia todo desenhando na varanda com uma expressão tão serena que imaginei estar bem disposta à vida, apesar da morte ter rondado a casa nos últimos meses. Nunca podemos subestimar nossa saúde. Ele me disse um dia. Mas se esqueceu, ele mesmo, de se ouvir. Eu, na minha mais calada ignorância, ouvi palavra por palavra atentamente, com o cuidado de guardá-las bem. Agora, então, estou fazendo não só um agrado a minha saúde como a saúde dela. Assim espero.

Da escada já posso sentir o cheiro do manjericão. Ele sabe o quanto este tempero dos deuses me agrada. Quando chego na sala encontro a mesa arrumada para um dia de festa. Não compreendo muito bem o por quê. Talvez queira me fazer sentir melhor. Mas sei que gosto. As sombras formadas pelas chamas das velas me trazem recordações da infância. Sorrio e me dirijo à mesa. Ele puxa a cadeira. Eu sento e algo se transforma dentro de mim.

Quanto de profunda beleza pode caber em uma só pessoa? A cada dia a vejo mais bela. A cada dia desejo não mais ocupar o quarto dos fundos. E me perco todos os dias em pensamentos libidinosos. O que faria sua família a mim se soubessem do meu desespero? Preciso agir antes que seja tarde. Antes que o sol se ponha. Antes que a esperança deixe de fazer sentido. Antes que a dor sufoque minha respiração. Meu corpo clama pela vida em chamas.

Que sabor! Eu penso silenciosamente. Sinto meu corpo inteiro recebendo cada gota desse sabor. É uma sensação de calor. Mas não o calor dos verões sob o sol, um calor de vida nascendo. E desperto para algo que, mesmo antes, em minha suposta felicidade, eu não conhecia. Tenho medo do que sinto. E penso se não poderia ter sido proposital por parte dele. Meu Deus! Espero não estar sendo injusta. Espero realmente...

Às vezes penso sobre o que poderia acontecer se eu me declarasse. Qual seria sua reação. E temo um afastamento maior. Sua criação foi das mais tradicionais. Onde se ensina que uma vez peixe, para sempre se será peixe, e uma vez pescador, para sempre pescador. Mas minha loucura não me permite pensar em tais inutilezas educacionais. Mas é exatamente nesse ponto que aumenta meu temor.

Procuro esquecer esse calor estranho puxando conversa sobre o seu trabalho. Pergunto-lhe o que o anima e o que o entristece. Não sei muito bem se ele gosta deste assunto, mas é minha solução para abafar latências. Aliás, só agora me dou conta de que há muito convivemos, mas pouco nos conhecemos. Triste situação. O quanto perdemos ao nos separarmos por aquilo que fazemos. Deveríamos simplesmente nos unir pelo fato de sermos todos humanos. Mas desconfio da utopia do meu pensamento e volto à conversa. Percebo uma disposição em responder o que pergunto e em aprofundar a conversa. Ele me conta sua infância e sua educação informal, no campo, através dos pais, irmãos e dos vizinhos, vivida com alegria tamanha de menino que cresce com os pés descalços. Jamais me esquecerei de uma frase: viver é alegrar-se.

Sinto prazer nesta conversa que iniciou. Conto-lhe minha vida e creio que ela gosta de ouvir. Não que eu tenha uma vida de aventuras, mas, ao menos, verdadeira quanto aos meus sentimentos e instintos. É por isso que sofro agora. E penso nisso a todo instante me sentindo um mártir, como se eu pudesse ter esta pretensão. Embora eu não acredite em mártires...

Ouço sua história com profunda alegria, mas já com sono. Parece que começamos a nos conhecer. Ontem lhe confiei meus temores, hoje ele me conta seus caminhos percorridos. É mesmo necessário que façamos isto, afinal, seremos companheiros a partir de então. Pelo menos até que eu decida se realmente fico nesta casa, tão vazia. Despeço-me pedindo-lhe desculpas, mas tenho sono. E durmo profundamente.

Ela se foi mais uma vez. Minha vida parece ter se tornado um eterno esperar o seu retorno. Que aflição quase incontrolável. Busco relaxar observando a lua da janela depois de um gole de uma bebida bem forte. Quantas cores eu desejo colocar na sua vida, compartilhar com ela.

De manhã caminhei pelo jardim observando atentamente as diferenças entre as flores e suas relações de amor com os insetos. Ponho em prática um pouco dos meus conhecimentos de botânica há tempos guardados na gaveta. Um tentar esquivar-se do sonho desta noite. Tenho medo dos meus sentimentos. 

Mais uma vez me pego a observá-la. Uma angústia desta espera não pode mais me deixar em paz. Sei que ela quer se aproximar. Não sei como. Mas sinto. E acredito naquilo que sinto.

Depois de algumas noites sem dormir, envolta em sonhos que jamais imaginei sonhar, quero um gole de veneno. Tenho medo da luz do sol. E dos desejos. Malditos são os desejos que nos tomam a liberdade consciente de escolha. Decido pela indiferença.

Passo as noites em claro. Ando de um lado para o outro impaciente. Sua indiferença me trai profundamente. Seu olhar não mais encontra o meu. Sei de seu desesperador desejo de se jogar em meus braços. De outra forma ela continuaria vindo a mim.

Conto as horas para que todos cheguem e me levem daqui. Não posso mais suportar o cheiro da sua pele. O meu estremecer em sua presença que sufoco como a um filho que não se quer. Suicídio. Mato minha fonte de vida. Por não acreditar que a vida pode ter leveza. Por não ter a coragem de me entregar a uma explosão tamanha de luzes.

Choro em desespero. Grito por Deus. Não creio que me ouça. Vejo as plantas que eu cuidava murcharem. As flores não atraem mais os pássaros. As crianças que corriam atravessando os portões deixaram sua alegria no verão. Um inverno se faz dentro de mim. Daqueles muito frios, quando não se pode sair de casa. Passo o dia sentado na mesa da sala que ela não mais ocupa, pois passa seus dias a fugir da dor. Maldita dor que eu tanto quero. Grito por Deus mas não creio que ele ouça.

Não posso sentir. Não posso ouvir. Não posso respirar. Meu quarto é minha casa. Minha apatia, segurança. Meu olhar se perde na lua que eu tanto amava. Medo... o senhor da santidade. Onde se perderam meus demônios? Quando os deixei partir?

A casa aumenta a cada dia. E, assim, torna-se mais fria. Não a vejo há muitas horas. Nem ao menos ouço seu pulso. Parece estar morta. Por um momento passo a odiá-la. Ódio da sua estupidez. Ódio da sua beleza. Ódio da sua existência. Em cima da mesa está o vidro de manjericão. Ódio do manjericão. Atiro o vidro na parede.

Como se tocasse um alarme acordo com um barulho vindo lá de baixo. Algo se quebra. Meu corpo não quer obedecer meu desejo. Se vida é corpo pode ser que eu esteja morta. Quero descer.

Quero subir. Quebrá-la como ao vidro. Possuí-la para destruir toda a boa educação formal, toda família e toda religião. Quero quebrá-la para quebrar junto o gelo que insistimos em nos tornar diante do outro. Reparo atentamente os degraus da escada. Ouço um grito. Subo com pressa e num impulso de lagarto arrombo a porta. Ela está nua.

Vejo o seu olhar de fome ao me encontrar. Não tenho pensamentos. Deixo que meu corpo fale. O falar do corpo é o que realmente diz. Corpo é vida.

Nos unimos para sempre como animais que somos. Luz e sombra, claro e escuro, masculino e feminino. Não existem mais. Tudo se funde. Tudo agora é um novo e radiante sol. Uma explosão apaixonada de calor. Era ela a minha fome, minha comida e meu estômago. Era ela o meu querer ser Deus. Agora ouço a voz de Deus. Dentro de mim. Como demônio.

Eu perco meus sentidos aos poucos. Vejo-me caminhando em direção a um prazer tão grande que não sabia estar reservado a mim. Reencontro os meus demônios perdidos. Os anjos decaídos que riem dentro de mim. E rio. Alto, muito alto, como nunca havia rido antes. Uma gargalhada de liberdade. Um sopro de luz radiante. Um brinde alucinado à vida que renasce.

Vem o êxtase. 
Ela morre em meus braços. Grito de dor. Outra dor. Só dores me consumiram nos últimos dias. Ela morre. Rindo. Mas morre. Não se pode viver. Viver mata. Mas eu não tenho medo. Vejo novas cores. Viver mata, mas ressuscita.

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