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Mostrando postagens de 2012

o primeiro poema

porque eu te amei (amei?) e te disse que te escrevi teu último poema não quer dizer que eu não os escreva mais mas esses não entrarão nos compêndios serão meus da minha liberdade de te falar nas entrelinhas escancaradas, é certo mas não estão direcionadas pode abrir sua caixa de emails não haverá nada esses poemas de agora podem ser de quem quiser pegá-los estão por aí para serem compartilhados se quiser fazê-los seus pode pegar também é de graça posso até levar na porta da sua casa (eu inseriria um emoticon piscando ...se fosse possível lê-lo) porque eu te amei e chorei tanto naquele dia cinza eu hoje acordei rindo sem palavras mal saberia eu que voltariam, elas pode se orgulhar estou criando obra de arte com você mas eu chorei por um motivo nobre todo mundo há de concordar faltava seu corpo que ficou no mês passado inteiro que ficou num abraço sábado meio mas faltava ora às vezes falta mesmo mas então eu acordei e havia sol então

É melhor ser alegre que ser triste

era uma vez um poema alegre que queria contrastar com um poema triste então o poema alegre resolveu não ser palavra e saiu por aí fazendo carnaval

quando chove uma chuva persistente

acordei cinza a minha contradição tem o nome tristeza daquelas que parecem passageiras em dias de chuva persistente mas presentes, o suficiente, para desmoronar as fortalezas daquelas que apertam o peito diminuem o viço puxam pro solo abaixo um corpo cheio de vida numa hora cheia de alegria eu deveria ser mais atenta na presença do meu corpo a tristeza me desafia duvido da própria força escarro muitas palavras e me pergunto para que jorrá-las se, na verdade, é tão mais simples tristeza ou alegria não existe outra coisa melancolia? não, talvez eu tenha me enganado caí mesmo foi numa tristeza profunda que não quer se olhar no espelho e afunda o corpo num travesseiro velho de que adianta dizer que o sol brilha se quando chove a alegria que se queria é justamente aquela que não pode ser? e desabo que tanto prazer esse de brincar com as palavras de um dia acreditar no amor e no outro não saber sequer no que acreditou? eu que amo tant

O poeta inventa viagem, retorno e morre de saudade

Saudade deve ser uma herança que carrego dos antepassados portugueses. Sinto saudades de tudo, até do futuro. Ao menos é o nome que dou a uma certa ansiedade que se mistura a um sorriso bobo de quem gosta do que viveu ou do que vai viver, mesmo sem saber exatamente o que virá ou sem entender o que se passou. Acho que só sente saudades de verdade quem tem coragem de se lançar ao inevitável da vida. Saudade não é falta, é alegria do vivido, do outro e alegria do que virá. Aquela energia nos momentos difíceis, inclusive, e uma dose extra de coragem para viver o presente com toda a intensidade, para se construir grandes narrativas de vida. Hoje, ao menos, é assim que sinto. Amanhã, sabe-se lá... Certa que a saudade produz uma melancolia, mas a melancolia nos ajuda a lidar com a vida. É necessária para entendermos o quanto fazemos parte do universo. Deveríamos dar mais atenção a isso.  Saudade e melancolia tem uma relação siamesa, me parece... E, por sua vez, com a liberdade e a felicidade

karine aos 25

ela chegou sem pressa e de surpresa tinha a calma de quem parecia saber que viria para trazer doçura e fazer nascer uma canção de encantamento e conciliação ela cresceu iluminada de cabelos cacheados dourada dona de um afeto absurdo saiu por aí distribuindo beijos carinhos, afagos que nunca poderiam ser negados mas ela é hoje ainda uma criança porque na sua beleza de se tornar gente grande guardou aquele olhar curioso, de quem sabe que o mundo ainda tem muito pra dar ela só cresce ela é grande de alma ela é força tamanha de ser amor-mundo como se quisesse abraçar todo esse mundo ela é essa energia em ser só amor mais nada porque amor é tudo karine aos 25 é mística misticismo concreto de ser pura magia amor-mago que conquista e arrasta pro universo sem fim das coisas encantadas dessa vida

do amor, que nunca é demais

quando chega a sua hora o mundo estoura a placenta corporifica um jardim florido a vida ganha colorido diferente derrete a neve necessária e vem a primavera quente anunciando o verão fertilidade é que de repente tudo se torna possível potente amor é força que move  de todas as formas em todas as tribos o mundo clichê mais caro da nossa história raro ainda assim e basta um segundo pra sua aurora se anunciar é bem como diz Chico o amor não tem pressa ele pode esperar e quando chega a sua hora a vida que é demora se apressa em ser inteira festejar porque amor é só festa quando ele vem, só nos resta aquele se entregar livres se não liberta  amor não é amor é o que existe após a espera de se tornar ainda maior e fazer da vida correnteza que carrega vento vento que sopra pra fazer voar

uma crônica no dia da cultura

escrevo, nesse dia da cultura, uma crônica do meu dia que, desconfio, pode até falar da cultura, mas não tenho tanta certeza. só sei que eu pensei nela o dia inteiro. então pode ser que sim, que eu fale da cultura. meu dia hoje foi marcado, basicamente, por discussões, leituras e escritas. um dia cultural? eu ia comemorar o dia da cultura no samba da pedra do sal. mas desisti. não consegui quem fosse comigo. e, mesmo assim, talvez eu não tivesse ido, porque fui tomada, como às vezes acontece, pela febre da escrita. eu já havia sambado no fim de semana. e dançado bastante. venho dançando há semanas. dancei charme, até meus pés cansarem. estou cogitando virar frequentadora assídua de bailes charme. essa música se conecta comigo de uma forma estranha, fisicamente interessante. inexplicável. mas tudo está tão inexplicável que pouco importa. um garoto que me viu entregue ao charme veio falar comigo que estava encantado com a minha entrega à dança, que percebia que eu não era da galera do

o último poema

é chegada a hora do silêncio uma hora de faxina muitas caixas serão necessárias alguns buracos algumas estradas para novas esquinas é chegada a hora do espia pra que um dia o peixe certo venha à rede é chegada a hora de pôr em questão toda melancolia de esquecer o passado tanto quanto o futuro porque é hora de concentração pouca noite muito dia é chegada a hora de deixar cair os pesos de quebrar os totens já que é tudo pedra mesmo é tempo de clausura dos desejos um tempo de meditação e calma, espinha ereta para saber o que fica e o que parte nessa vida uma nova casa me espera uma nova vida já começa um novo sentido pra existência precisa ganhar corpo ainda mais porque ainda é cartilagem o que expor na hora certa e a hora de calar-se sabê-los é liberdade

revelação

a poesia é uma vadia que escancara tudo poderia ao menos, ela, ser um pouco mais reservada, sentar de pernas cruzadas? mas a poesia é apaixonada e livre e de tão livre não esconde nada

2 por 4

à doce melancolia do samba meu coração, que é bamba, não resiste e canta, como se amanhã o mundo não mais existisse canta aquele rio que passou em minha vida e levou meu coração que assobia rio denso, águas turvas o samba, nesse corpo enluarado, me alivia

Poesia de outubro

o mar é minha calma nos dias frios tão mais meu no maremoto interno silábico, de mim e me ensina a ser silêncio queria saber como não precisar das palavras eu que me lambuzo nelas até engasgar pois depois de um tempo resistindo a ele, o silêncio, ao reencontro com o que desejo de mais intenso, a estar só depois de algum tempo resistindo a um choro que nunca veio... eu chorei esse choro chorei porque não era possível não chorar chorei como se chorasse pontos de exclamação porque sou também aquele humano demasiado humano para além das ficções que criei e minhas personagens me pareceram frágeis quais ainda me servem? devo perguntar um mito é em parte verdade em parte uma grande miragem e tudo o que eu mais queria agora eu não diria à ninguém nessa hora simplesmente porque um dia ficará escancarado nas estradas quentes da vida, que só existe porque pulsa (e até no gelo, é energia pura) se assim ficar em mim e se os pré-conceitos todos alheios

Um fim de semana de um mês já passado

estou trocando a pele nesta noite de domingo. aguardo, com as unhas cor de vinho, que meu coração suspenda a ansiedade. aceito o triunfo da fortuna. é preciso deixar o universo agir. foi-se a sexta e sua euforia. foi-se a sexta de um embate. interminável reunião. foi-se a sexta da obrigação. a sexta que da calmaria passou longe e me deixou ansiosa de vontade... foi-se o sábado. de mais um ano do homem que me deu à luz. este que me ensinou a lutar, ainda que sobre isso as palavras nunca venham entre nós. foi-se o sábado da prosa boa com a avó. e eu que tanto busquei por uma história pra um romance, tenho-a agora em minhas mãos. uma família e cem anos de solidão. histórias e pessoas que só então eu soube que existiram. homens e mulheres que viveram noutra época. alguns que morreram de amor. foi-se o sábado de reencontros daquela família. o sábado longo, de sol e de lua. o sábado da volta tua. e de uma noite em que era preciso distrair-se. foi-se o sábado do bai

Vanessa

venha vida! venha com tudo! mantenha-se no ritmo que está e continue me trazendo essas coisas todas que havia reservado para que só chegassem agora passaram-se os anos foram intensos foram necessários foram dolorosos e então, eis que é festa o meu coração ainda tateando... mas pulsa mais leve anda de saia que balança com o vento se ele sofre? mas é claro! porém, hoje, ele ri hoje, ele respira então pode vir que a porta está escancarada e o que eu era já não mais reconheço sou agora mais o que eu quero cheguei em vários pontos de outros estou perto sou um desejo incontrolável de viver porque hoje sei que tenho a força necessária para só ser a borboleta saiu do casulo agora voa e mais nada sua missão já estava cravada no nome desde antes de nascer essa, cujo nome foi criado num poema de amor e, vejam só, por um escritor

mensagem na garrafa

o que pode, um encontro de oceanos, ser capaz de produzir? nado num mar desconhecido eu, atlântica você, pacífico como escrevi um dia tomada por uma febre, também ela, oceânica pergunto se será tsunami sudoeste ou calmaria estarão os barcos à deriva? cada um de nós imensidão tanto ainda desconhecido lá nas profundezas escuras cada um de nós amplidão mas para alívio do corpo marítimo o tempo do oceano é longo e nos recorda que as marés se renovam no dançar da lua num piscar de olhos do planeta de repente, tudo muda

o garoto do 415

reparei em você calado em pé num 415 lotado era bonito tinha rosto de menino embora cansado parecia não ser mais tão menino assim eu te olhava você me viu acho que gostava da música que eu ouvia quando sorriu lendo meus lábios ao me ver cantarolar minhas tatuagens chamavam seu olhar e eu cantava despretensiosa espiava da janela, a noite eu poderia ter falado com você e até agora passado algumas horas não sei porque não o fiz nem você, me pergunto eu não precisaria saber seu nome você era lindo você tinha barba cabelo claro despenteado e usava óculos quanta imaginação se passou dentro de mim, garoto naquele trajeto longo quem sabe não era você quem viria me aliviar a angústia de uma paixão doida que me toma o dia como se eu quisesse deixá-la... essa paixão que tanto tem a minha estima porque é pura vontade de viver mas às vezes a saudade é física mesmo que tenham se passado tão poucos dias e como manter viva a alegria sem deixar q

into the wild

such is the way of the world such is the passage of time too fast to fold é por isso que minha poesia fala somente ao que me toca porque aquilo que me toca faz a vida cumprir seu desígnio de ser grande simplesmente porque é o que não se pode negar aquilo para o qual não é possível fechar os olhos selvagem assim, quando falo de mim falo do mundo não do ego sou uma mulher que corre com os lobos que vê a vida como um grande livro e não se contenta em ler apenas as primeiras páginas que tem medo mas deu a mão à coragem que vai porque ficar é morrer devagar que se lança ao mar, à montanha, ao amor, ao novo e sua violência porque amor é liberdade e perto da natureza selvagem é onde me sinto melhor onde tem suor corpo, terra, água, vento, música silêncio com tudo isso faço da minha poesia o maravilhoso do dia a dia porque faço do dia a dia o maravilhoso quis ser cineasta porque penso em imagens descobri que faço imagens melhor com as palavr

fragmentos de uma carta para ele

do seu olhar escandaloso alivio um grito do alto do meu ego destruído respondo pela calma em ondas de respiração profunda (e é preciso ter postura) por isso durmo clamando por nada por um espaço vazio de sentido em uma existência apaixonada acreditando no acaso e também nas suas falhas de tempo que se esgota quando o acontecimento se instaura e não me farei de morta! dança, solitário, um Dionísio nascente na minha porta porque não existe força que se atente para essa ausência desmedida e eu busco as palavras por falta de algo mais certeiro agora pra dizer o que eu não diria ao menos não escondo um sorriso errático que busca pelo teu encantado sou estrela em combustão te conto uma história e deixo transparecer que quero a aurora de dias mais leves faço poesia como quem faz o bolo pra o café pra que o teu olhar subterrâneo me desperte essa fome sem tamanho no fundo desses olhos castanhos pra que a arrogante palavra não possa se instaurar

Numa noite de chuva

minha sapatilha vermelha encharcada da chuva só desejava vagar tudo parecia incerto mas foi certo como poema feito pra chorar ela buscou os amigos errantes e foi na sua errância sentar só pediu uma pizza, uma cerveja e uma alegria não aceitou a burocracia cinza da fila e do transporte daquela gente toda com cara de apatia tão apegadas às suas casas que esquecem que existe poesia apegadas, todas elas, a uma sobrevida que atravessam o mar todos os dias e, moribundas, só esperam a hora de chegar na terra respirou fundo aquela sapatilha vermelha que foi vagar mandou mensagens para os queridos e recebeu uma resposta a resposta certa de uma alma errante cumprindo deveres que a errância não entende mas precisa aceitar mas, nossa, que alma alegre! eu devia era ter te sequestrado e essa chuva então... com o esmalte vermelho paixão sentei na mesa coberta por um toldo verde e lembrei também do amigo Juba, meu amor de vento, das noites que ali passamos em nossa

para ela

te saúdo primavera do melhor jeito que sei com o corpo alongado, música e perfumes a casa já está repleta de flores te saúdo com aquela garrafa de vinho e o coração cheio de amor para ti plantei um trevo de quatro folhas em ti renasce minha alma leve que só deseja movimento primavera dessa vez você coincide com a minha própria e é, de todas, a mais bela que já vi

O mistério do planeta

não há mistério maior no mundo que o silêncio ele não é o sim nem o não mas a ausência mais presente do universo talvez, nessa hora, a certeza seja precipitar o agora então, se não pode haver certeza eu prefiro que fique, silêncio porque assim, és a possibilidade não mais que o sim não menos que o não mas um pulso permanente que testa a minha ansiedade e me enche de multiplicidade

bombas de amor

Concebo, agora, bombas de amor E elas têm uma força absurda em ser Concebo agora tudo o que posso ser E percebo que sou, quando sou o mundo Nasce, então, uma pesquisa E ela é vida Nasce um novo consumo Uma nova casa Um incomum trânsito de Saturno Nasce uma viagem Nasce uma terapia Renasce em mim o humano perdido A ancestralidade Minha paixão se acalma e transborda Já não posso mais conter O amor se multiplica Sou euforia Nasce um grupo, um coletivo, afetos rizomizam Agora escrevo Agora concebo um novo mundo Agora medito, agora poetizo Eu não sou nada mais que ebulição Prosa, poesia, produção Diferença, conflito, música, sedução Movimento Meu ar e minha terra Buscam teu fogo e tua água mundo Meu cérebro é criação subjetiva, amor indecente Meu cérebro é meu timo e meu coração Ele vagueia a criar muito e querer tudo concretizar Emoção desmedida Em ser tudo o que se pode ser E receber o que se pode receber Abrir-se, amar, fluir

#contemporaneoemqualquerlugar

inspirada por "sexo em moscou", de Mano Melo, ofereço meu "sexo contemporâneo em qualquer lugar" ---- minha net, doida pelo seu crowd,  bem funding,  pede: enter enter enter com o seu wi-fi que eu libero a senha nós 2, web 2 td bem colaborativo face to face seu pen drive em mim, baby ai, essa sua nuvem de tags me deixa louca pra twittar na sua boca 140 caracteres de puro prazer e no meu email, ver vc hackeando meu mundo privado pirateando as minhas zonas de segurança creative commons na cama pro meu software ficar todo livre e eu digo: i phone que eu gosto, phone! Mac no meu corpo todo essa máquina me mostra teu ultrabook me joga na tela e me chama de wallpaper conecta esse cabo na minha USB mouse, assim, mouse me faz tua Wikipédia que eu te faço meu Google e vem, faz login em mim depois desse hangout todo seu aplicativo todinho no meu celular carrega 100% de suor sou sms multimídia e

Ensaio sobre a nudez

a poesia, hoje, cedeu lugar à prosa. O que ainda não é, só se faz sob o sol quando abrimos mão da obediência.  Não a obediência em relação ao outro, mas a que impomos a nós mesmos ou a de outros que introjetamos como se fosse nossa. (Nilton Bonder, A Alma Imoral) Hoje, domingo, acordei com um pressentimento. Saí de casa e voltei com uma missão. Era preciso escrever. A febre da escrita passou o dia em suspensão. Ela não sabia muito bem o que seria escrito. E, como febre, assim permaneceu. Mas agora as palavras começam a delinear um cenário. E sabe que, pra que o texto nasça, é preciso um ato: despir-me. Escrevi há alguns domingos atrás que domingo é o dia do possível. E resolvi fazer de todo domingo um dia especial. Religiosamente, para começar a semana com a certeza de que a vida, ainda que não seja escolha, não é senão o que acontece quando damos atenção a nós mesmos. Como muitos de meus dias, este não foi, em parte, como eu queria. Mas quantas vezes não é. Imagino que para